• Executiva nacional exige investigação para apurar irregularidades no processo eleitoral
Andreza Matais - O Estado de S. Paulo
O PSDB nacional protocolou nesta quinta-feira no Tribunal Superior Eleitoral pedido de auditoria especial para verificar o resultado das eleições presidenciais. O candidato do partido, Aécio Neves, perdeu para a petista Dilma Rousseff por 3,28 pontos porcentuais entre os votos válidos, menor diferença da história. A diferença equivale a 3,4 milhões de eleitores.
Na petição, assinada pelo coordenador jurídico do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), o partido alega haver “uma somatória de denúncias e desconfianças por parte da população brasileira” motivada pela decisão do tribunal de só divulgar a apuração parcial após o encerramento da votação no Acre e no oeste do Amazonas, cujo fuso horário está três horas atrasado em relação a Brasília – por causa do horário de verão.
“O aguardo do encerramento da votação no Estado do Acre, com uma diferença de três horas para os Estados que acompanham o horário de Brasília, enquanto já se procedia a apuração nas demais unidades da federação, com a revelação, às 20h00 do dia 26 de outubro, de um resultado já definido e com pequena margem de diferença, são elementos que acabaram por fomentar, ainda mais, as desconfianças que imperam no seio da sociedade brasileira”, diz a petição dos tucanos.
O PSDB pede abertura de processo de auditoria nos sistemas de votação e de totalização dos votos por uma comissão de especialistas formada por indicados dos partidos políticos. “É justamente com o objetivo de não permitir que a credibilidade do processo eleitoral seja colocada em dúvida pelo cidadão brasileiro que nos dirigimos neste momento à presença de Vossas Excelências.”
A petição do PSDB nacional não chega a contestar o resultado do pleito. No domingo, em pronunciamento em Belo Horizonte, Aécio reconheceu a derrota. O TSE não se manifestou sobre a petição.
Mais críticos. Dois dias antes, na noite de terça-feira, a executiva do PSDB na capital paulista, maior diretório municipal do partido, aprovou uma nota em que recomenda ao diretório nacional a contratação de uma auditoria, de preferência estrangeira, para averiguar a apuração do pleito. “Realização de auditoria da apuração dos votos do 2.º turno da eleição presidencial por órgão de reconhecida capacidade e reputação, se possível internacional”, afirma a nota.
Segundo o presidente do PSDB paulistano, Milton Flávio, o objetivo é apurar denúncias de fraudes em urnas eletrônicas replicadas nas redes sociais desde a divulgação do resultado e, se for o caso, contestar na Justiça o resultado do pleito.
Os tucanos chegam a questionar a isenção do presidente do TSE, José Antonio Dias Toffolli, que trabalhou para o PT antes de chegar ao Supremo Tribunal Federal e à Justiça Eleitoral. “Tenho recebido provocações dos movimentos que estiveram conosco nas ruas denunciando incorreções em relação ao que foi apregoado pelo TSE. Muita gente questiona a isenção do Toffoli”, disse Flávio.
Na capital paulista, Aécio recebeu 63,8% dos votos válidos no 2.º turno, ante 36,2% da candidata à reeleição. Foi a maior votação de um tucano concorrente ao Planalto na cidade em todas as eleições presidenciais.
Lava Jato. Na mesma reunião, o PSDB paulistano defendeu a apresentação de representação no TSE pela anulação de votos recebidos por “candidatos que tiveram comprovadamente campanhas financiadas por recursos desviados da Petrobrás, conforme depoimentos em delação premiada por Paulo Roberto Costa e pelo doleiro (Alberto) Youssef”. Até agora, não se tem notícia de que os delatores tenham citado uso de recursos do esquema nesta campanha.
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