- Folha de S. Paulo
Piadinha maldosa em Brasília: Viu? Foi só o Aécio Neves ganhar a eleição que o Armínio Fraga mandou aumentar os juros!
Quem venceu foi Dilma Rousseff e quem aumentou os juros para 11,25%, três dias depois da eleição, foi o Banco Central da própria Dilma. Detalhe: foi 5 a 3, um placar premonitório de debates sangrentos em torno dos rumos da economia.
Ao longo da campanha, havia o consenso de que, ganhasse quem ganhasse, iria enfrentar um 2015 dificílimo, com medidas duras, nada populares. Dilma martelava que só Aécio e Armínio as tomariam, mas ela não tem como fugir. Só se maquiar dados, cancelar balanços e disfarçar aumentos --como neste mandato.
Aliás, falava-se num 2015 difícil, mas esquecendo-se que, entre a eleição e a "reposse" em janeiro, haveria novembro e dezembro, já com más notícias jorrando. É o que ocorre.
Os juros subindo, sem que a oposição ao menos lembre o pronunciamento de Dilma na televisão, gabando-se de ter chicoteado as taxas ao jeito dela. As Bolsas e o dólar sacolejando, refletindo incertezas dentro e fora do país. O prejuízo de R$ 3,4 bilhões da Vale no trimestre, em contraponto ao lucro líquido de R$ 3,9 bilhões do Bradesco.
Como pano de fundo, a instabilidade também no Congresso, que mal esperou passar a comemoração da vitória de Dilma e do PT e já na terça-feira dava o primeiro de muitos sustos no Planalto. Apesar de conservar a maior base aliada do planeta, Dilma enfrentará mágoas e chantagens, sobretudo, do partido do seu vice, o PMDB. E a oposição no Senado tende a ser vigorosa.
Ou seja: a eleição ainda nem esfriou e os resultados ainda estão sendo devidamente analisados, mas as dificuldades de Dilma na economia, na política e na gestão já estão mostrando a sua cara e prenunciando um segundo mandato bem agitado.
Lula botou no pé na porta. Mais do que ajudar Dilma, não quer que ela prejudique o futuro do PT --e dele.
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