• Para líderes, Dilma contradiz o que defendeu durante a campanha eleitoral
Maria Lima e Fernanda Krakovics - O Globo
BRASÍLIA - Os líderes da oposição ironizaram ontem declarações da presidente Dilma Rousseff, especialmente o fato de ter dito que, embora não vá cortar ministérios, seu governo terá limites fiscais e irá olhar com lupa onde pode haver redução ou corte de gastos. Tucanos e democratas disseram que ela está praticando "estelionato eleitoral" e que parece ter acordado de repente para o que não foi feito ao longo de seu mandato.
- Somando tudo que aconteceu depois da eleição e o que a presidente Dilma disse nessa entrevista, a impressão que se tem é que ela estava em estado de coma. Três dias depois da eleição, o Banco Central descobre que houve um aumento descontrolado de gastos e é preciso aumentar juros para conter a inflação. Só depois da eleição se descobre que em um mês houve um rombo de R$20 bilhões, o maior déficit da história nas contas públicas. Sem contar que quem demitiu o Sérgio Machado da Transpetro, denunciado no esquema do petrolão, foi a PricewaterhouseCoopers e a Bolsa de Valores de Nova York. Se ela acordou mesmo do coma, só vamos saber lá na frente - disse o ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB).
Marketing se desmonta
O líder do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), afirmou que a presidente Dilma não pode mais se esconder atrás do marketing do publicitário João Santana, e que as "mentiras" ditas durante a campanha serão agora desmascaradas.
- A Dilma não tem mais o João Santana, que governou a campanha e suas ideias, suas palavras e as mentiras que desferiu contra os outros. Sem ele, Dilma começa a ter que falar e aparecer como é, e reconhecer a realidade do governo fora da TV. Vai ter que fazer tudo ao contrário do que disse na campanha - criticou Albuquerque.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que ou Dilma muda a forma de ser autossuficiente, "prisioneira do petismo", ou haverá um colapso também na arrecadação que vai acabar de travar o governo.
- Com o corte de gastos no plano das conjecturas líricas que ela anuncia, é esperar a criação de mais impostos. Aí morre qualquer proposta de diálogo - disse Agripino.
- Agora a presidente começou a desmontar o marketing do PT. Isso é inaceitável. É um atentado a inteligência do povo brasileiro - completou o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE).
Já o presidente do PT, Rui Falcão, minimizou a declaração da presidente de que não representa o partido na Presidência, e sim todo o país.
- Ela é presidente do país todo mesmo - disse Falcão na chegada para uma confraternização com Dilma, no Palácio da Alvorada.
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