- O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, ganhou a queda de braço com o titular da Fazenda, Joaquim Levy, em relação à mudança na meta fiscal. Barbosa conseguiu convencer a presidente Dilma Rousseff de que um corte maior de despesas paralisaria a economia, principalmente agora, num momento de ajuste fiscal.
Levy resistiu o quanto pôde para reduzir a meta. Não queria dar um sinal para o mercado de afrouxamento do ajuste e, além disso, defendia uma tesourada ainda maior nos gastos públicos, da ordem de R$ 15 bilhões.
Até o início da semana, a presidente apoiava a tese de Levy de manter a meta de superávit primário em 1,1% do PIB. Foi convencida, porém, de que este número não era factível, estava longe da realidade e, além disso, o governo não deveria insistir em uma meta que não poderia ser cumprida.
O recuo foi necessário, na visão do governo, porque não se podia exigir um esforço fiscal tão grande com a arrecadação caindo. "Quando a dose do remédio é demais, mata o paciente, em vez de curar", disse ao Estado um ministro que participou das discussões. "Diante desse quadro, a realidade se impôs."
Barbosa vinha sinalizando há tempos que divergia de Levy, mas Dilma só deu razão ao ministro e concordou em mudar a rota depois de ver os números da arrecadação. Os defensores da alteração da meta para baixo insistiram em que as condições do País não estão boas, a economia segue paralisada, com empresas demitindo trabalhadores. Não havia, portanto, como manter um arrocho dessa magnitude em condições políticas tão adversas.
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