Juliana Castro – O Globo
• Sobre citação a seu nome em anotações de Marcelo Odebrecht, presidente da Câmara disse que qualquer um pode procurá-lo
RIO - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quarta-feira, no Rio, que o PMDB não pode esperar até a eleição para deixar o governo. Cunha falou sobre o partido após dizer que não falaria sobre as críticas do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que, ontem, ao comentar o rompimento de Cunha com o governo, declarou que não se podia brincar nesse contexto de crise:
— Cada um tem o direito de ter a opinião que quer. O que não tem condição é de achar que o PMDB vai ficar no governo até o último dia antes da eleição e depois vai sair para ter candidatura própria para criticar o governo do qual fez parte — disse Cunha, completando: — O Pezão passa por dificuldades aqui no Estado. É natural que ele queira manter o vínculo (com o governo).
Ontem, durante evento em Nova York, o vice presidente Michel Temer afirmou que “pode ocorrer um dia qualquer em que o PMDB resolva deixar o governo, especialmente em 2018, quando entender ter uma candidatura presidencial”. Após as declarações, deputados da legenda reagiram. O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido não irá esperar até 2018 para definir que rumos tomar.
Cunha também disse desconhecer a citação a seu nome em anotações feitas no celular do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, apreendido em junho. Em um bloco de notas que não tem data, Marcelo escreveu: "vazar doação campanha. Nova nota na minha na mídia? GA, FP, AM, MT, Lula? E Cunha?". As siglas foram traduzidas pelos agentes federais como sendo dos governadores Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Pimentel (PT), do diretor jurídico da Odebrecht, Adriano Maia, do vice-presidente Michel Temer, do ex-presidente Lula e do presidente da Câmara.
— Desconheço. Qualquer um pode me citar. Sou uma pessoa pública, conhecida, e que qualquer um pode citar que vai me procurar para falar comigo. Isso é normal. Alguns eu recebo, outros não - afirmou o deputado ao chegar para o velório do ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde, no Palácio da Cidade, Zona Sul do Rio.
Cunha se recusou a comentar o fato de sua defesa ter entrado no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido para que o juiz Sérgio Moro deixe de conduzir um dos processos da Lava-Jato.
— Aí é com o meu advogado. Eu não falo sobre isso.
Sobre a decisão no Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as contas do governo, Cunha afirmou que o tribunal é um órgão que assessora o Legislativo e que a palavra final é do Congresso.
— Qualquer que seja esse parecer (do TCU), vai ser apreciado pelo Congresso, que vai dar a palavra final. É relevante o parecer técnico? É relevante, mas mais relevante vai ser a decisão do Congresso — afirmou.
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