Irônico e arrogante, o tesoureiro do PT Delúbio Soares profetizou que o mensalão viraria uma "piada de salão". Não virou, e ele continua a cumprir pena de mensaleiro condenado. Há outro tesoureiro do partido, detido como já esteve Delúbio: João Vaccari Neto, preso devido ao petrolão, o assalto à Petrobras em dimensões muito maiores ao do que foi praticado no Banco do Brasil pelo mensaleiro Henrique Pizzolato, trancafiado na Itália, à espera da definição sobre sua extradição para o Brasil.
Não é coincidência que os dois golpes tenham nascido no PT, e até transcorrido de forma paralela. No petrolão, um dos beneficiários do regime de delação premiada, o gerente da estatal Pedro Barusco, corrupto confesso, disse, na CPI da Petrobras, que a diferença entre roubos na estatal no governo tucano e na Era PT é que a corrupção na empresa, depois da posse de Lula, em 2003, ganhou método, passou a ser sistêmica.
Os desdobramentos da Lava-Jato no setor elétrico confirmam o depoimento de Barusco, um especialista, pois ele roubou na Petrobras quando os tucanos estavam no Planalto e com o PT no poder. Constatou, digamos, por dentro, as diferenças.
A extensão da Lava-Jato começa a confirmar a suspeita de que, além de sistemática, a prática de desvio de dinheiro para partidos (PT, PMDB, PP e outros) e bolsos privados se generalizou em canteiros de obras de estatais. Pode-se dizer, houve um PAC da corrupção, um subterrâneo paralelo ao Programa de Aceleração do Crescimento.
Em recente entrevista à "Folha de S.Paulo", o deputado Miro Teixeira (PROS-RJ) lembrou que, na condição de ministro das Comunicações de Lula, em 2003, no início do governo, esteve numa reunião, em companhia do também ministro Antonio Palocci, para discutir formas de se obter apoio parlamentar ao Planalto. Segundo Miro, venceu a posição "orçamentária", ou seja, a defesa de que literalmente se comprasse o apoio. Não revelou os outros participantes da conversa.
E assim foi feito, comprovam o mensalão e o petrolão. Numa escala tal que, tudo indica, a intenção deixou de ser o azeitamento de votos no Congresso, mas a sustentação indefinida do projeto de poder do lulopetismo. Isso custa caro, constata-se hoje nas estimativas de quanto foi surrupiado da Petrobras.
Da operação policial feita na Eletronuclear resultou a prisão do presidente licenciado da estatal, vice-almirante Othon Luiz Pacheco da Silva, engenheiro responsável pelo chamado programa nuclear paralelo. Ele teria recebido propinas de empreiteiros em função das obras da usina nuclear de Angra 3.
As investigações começaram com a delação premiada do ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, sobre corrupção na estatal. Esta vertente da Lava-Jato parece promissora, porque o grupo Eletrobras - também sob investigação nos EUA - é formado por 15 empresas, donas de ativos e obras bilionárias. São precondições para novas histórias escandalosas.
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