- Folha de S. Paulo
• Interpretação do comunicado do Banco Central é que taxa básica vai permanecer em 14,25% ao ano até o segundo trimestre de 2016
O Banco Central foi absolutamente claro, em seu comunicado, que encerrou o atual ciclo de aumento nas taxas de juros, segundo economistas do mercado financeiro. Por outro lado, sinalizou que o atual patamar de 14,25% ao ano deverá perdurar por um bom tempo antes de voltar a recuar, mesmo com a fraqueza da economia.
Até então, grande parte dos economistas acreditava em mais um aumento nos juros neste ano, possivelmente, em um ritmo mais comedido de 0,25 ponto percentual. Já em 2016, quando a inflação desse sinais de que ficaria no centro da meta de 4,5%, o BC poderia começar a reduzir as taxas. E isso poderia ocorrer já no primeiro trimestre do próximo ano.
"Foi a porta de saída. O recado foi forte", disse o economista Alexandre Schwartsman, colunista da Folha.
"Difícil será manter esse discurso se acontecer alguma coisa diferente. Vai ficar feio chegar a setembro e dizer que se enganou. E a história recente mostra que o BC já se enganou outras vezes."
Para Mauricio Molan, economista-chefe do Santander, o Banco Central deixou claro que a Selic ficará estável em 14,25% "por período suficientemente prolongado", como consta no comunicado.
A expectativa do banco era de mais um aumento de 0,25 ponto, terminando o ano em 14,5%. Em 2016, o Santander esperava a redução já no primeiro trimestre. Após o comunicado, o banco passou a considerar que a Selic vai estabilizar em 14,25% e só voltará a cair no segundo trimestre de 2016.
Ajustes no mercado
A mudança no discurso do BC deverá levar a um ajuste nas taxas de juros negociadas pelos investidores para janeiro de 2016, que reflete o que acontecerá neste ano. Nos anos seguintes, pode ocorrer aumento nas taxas.
Na BM&FBovespa, os juros para janeiro de 2016 terminaram nesta quarta (29) a 14,31% –0,06 ponto acima da Selic atual. Para janeiro de 2017, os juros estavam em 13,87%, já considerando queda taxa Selic no próximo ano.
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