Por Luísa Martins | Valor Econômico
BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse nesta quarta-feira (6) que a suposta atuação ilegal do ex-procurador Marcello Miller, suspeito de favorecer a JBS enquanto ainda integrava o Ministério Público Federal (MPF), era sabida por "todos" em Brasília. Mendes acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de tentar abafar o fato.
"A grande confirmação [dos novos áudios da JBS] é que a Procuradoria atuou muito mal neste episódio e que se envolveu diretamente a partir do braço-direito do próprio procurador-geral. Isso era um segredo de carochinha em Brasília: todos sabiam do envolvimento do Marcello Miller nesse episódio, só o doutor Janot é que escamoteava e escondia", disse o ministro a jornalistas em Paris, onde cumpre agenda oficial.
Para Gilmar Mendes, essa revelação "mostra exatamente que não se pode brincar com as instituições".
O ministro comentou, ainda, a denúncia oferecida por Janot contra a cúpula do PT, incluindo os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. "Imagino que Janot pensou em fazer uma 'grand finale', oferecendo várias denúncias", disse, citando a acusação de corrupção passiva que pesa contra o presidente Michel Temer (PMDB).
"Acho que o procurador-geral conseguiu coroar dignamente o encerramento de sua gestão com esse episódio Joesley. Fez jus a tudo que ele plantou durante esses anos. Esta vai ser a marca que vamos guardar dele: o procurador-geral da delação Joesley", afirmou Gilmar.
O ministro voltou a classificar como "lamentável" o anúncio de Janot sobre a revisão do acordo de colaboração premiada da JBS, citando integrantes do Supremo, "o que mostra sua pouca qualidade institucional".
O ministro disse, ainda, que duas marcas importantes do "lulopetismo" foram a indicação de Dilma à Presidência e a de Janot à PGR. "Há muitas [marcas], mas essas são inesquecíveis."
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