- Folha de S. Paulo
Sob pressão de técnicos e aliados políticos, Michel Temer quer manter Gilberto Occhi no comando da Caixa para evitar uma disputa pela sucessão no banco. O presidente tentará convencer o PP a desistir de deslocar seu apadrinhado para o Ministério da Saúde e escolher outro nome para a pasta.
Ao travar a substituição, a ala política do Planalto busca reduzir a força que o grupo técnico da equipe econômica poderá ganhar no governo. Temer prometeu que o próximo presidente da Caixa terá que passar pelo crivo do Banco Central, o que poderá criar entraves para a manutenção de influência partidária na escolha.
Se Occhi continuar no cargo, Temer dribla o problema: restringe o número de trocas que precisarão de aval dos técnicos e preserva um feudo estratégico para agradar aos dirigentes de sua base aliada. O PP, porém, avisa que não quer ceder.
A dúvida sobre a mudança na Caixa é um sinal da indisfarçável tensão entre tecnocratas e políticos profissionais na ocupação de ministérios e empresas estatais.
A concorrência se acirra às vésperas de uma eleição com agudas restrições de financiamento, em que a máquina pública pode desequilibrar o jogo a favor dos governistas. A Caixa é um instrumento de poder sobre milhares de municípios, com um estoque de R$ 60 bilhões emprestados a governos estaduais e prefeituras.
A mesma lógica explica a resistência de parte do núcleo político do governo à ascensão natural do secretário-executivo Eduardo Guardia ao cargo de ministro da Fazenda.
A escolha seria um sinal de prestígio do chefe da equipe econômica, Henrique Meirelles, mas aliados de Temer acreditam que Guardia apertaria o garrote nos cofres públicos e limitaria o dinheiro que poderá ser gasto para satisfazer aos eleitores.
Presidente, Temer construiu o modesto prestígio de seu governo ao seguir a cartilha de técnicos. Se for candidato, precisará de força política. A balança penderá para um dos lados.
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