Número de trabalhadores por conta própria atinge recorde de 23,9 milhões
Gabriel Martins | O Globo
A taxa de desemprego no Brasil foi de 12% no trimestre encerrado em janeiro, informou ontem o IBGE, um aumento de 0,3 ponto percentual em relação ao período de três meses encerrado em outubro, que serve como base de comparação. Isso representa um universo de 12,7 milhões de pessoas sem emprego. Já os trabalhadores por conta própria atingiram o recorde histórico de 23,9 milhões, alta de 1,2% frente a outubro. Para economistas, é um sinal de que o mercado de trabalho ainda enfrenta dificuldades para retomar aos patamares pré-crise.
Os dados do desemprego vieram em linha com as projeções de analistas.
— O aumento na taxa de desocupação já era esperado. Sazonalmente, o mês de janeiro é característico pela dispensa de trabalhadores temporários na indústria, agricultura, comércio e na administração pública — disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Esta tendência deve se manter em fevereiro e março, explicou Bruno Ottoni, pesquisador do Ibre/FGV e da consultoria iDados.
Houve aumento, em janeiro, no número de trabalhadores no grupo de Transporte, Armazenagem e Correio, que engloba motoristas de aplicativo. A alta foi de 2,8%, o que representou um acréscimo de 129 mil trabalhadores nessas atividades.
— Quantitativamente, o mercado de trabalho está absorvendo uma parte dos trabalhadores. Mas quando a análise qualitativa é feita, os dados mostram que a qualidade das vagas tem ficado em segundo plano — destacou Thiago Xavier, analista da Tendências Consultoria Integrada.
FORA DO SISTEMA
A grande quantidade de trabalhadores informais no país ressalta a necessidade de a reforma das aposentadorias abranger aqueles que não contribuem para o sistema previdenciário, afirmou José Roberto Afonso, especialista em contas públicas e professor do IDP:
— Além da reforma para a metade dos trabalhadores que está dentro do sistema da Previdência, é preciso pensar em outra reforma para dar proteção aos chamados informais —disse. — Se não arrumarem emprego e ficarem sem condições de se aposentar, quando atingirem a idade de se habilitar a receber o benefício assistencial certamente pedirão. Ou seja, passarão a receber uma renda, assistencial, sem terem contribuído.
Já o percentual de desalentados (aqueles que desistiram de procurar uma vaga) ficou estável em relação ao trimestre encerrado em outubro, em 4,7 milhões de pessoas. Em comparação a janeiro do ano passado, no entanto, houve um aumento de 6,7%.
Mesmo assim, Ottoni destaca que ainda é cedo para fazer projeções para o mercado de trabalho no ano.
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