“Essa formação política horizontal da vontade orientada pelo entendimento ou ao consenso alcançado de modo comunicativo deve inclusive gozar de uma primazia, tanto do ponto de vista genético quanto normativo. Para a prática de autodeterminação cidadã supõe-se uma base social autônoma, independente em relação à administração pública e ao intercâmbio socioeconômico privado, que projeta a comunicação política de ser absorvida pelo aparato do Estado ou de ser assimilada na estrutura do mercado. Na concepção republicana a esfera pública política e a sociedade civil como sua infraestrutura adquirem um significado estratégico. Ambas deve assegurar a prática de entendimento dos cidadãos sua força de integração e autonomia. Ao desacoplamento entre comunicação política e sociedade econômica corresponde um reacoplamento entre o poder administrativo e o poder comunicativo que emana da formação política da opinião e da vontade.”
*Jürgen Habermas é um filósofo e sociólogo alemão que participa da tradição da teoria crítica e do pragmatismo, sendo membro da Escola de Frankfurt. Dedicou sua vida ao estudo da democracia, especialmente por meio de suas teorias do agir comunicativo, da política deliberativa e da esfera pública. “A inclusão do outro – Estudos de teoria política”, capitulo: “O que significa “política deliberativa”?”, p 398-9. Editora Unesp, 2018.
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