O centenário do "camarada diamante"
Ontem 5ª. feira 9 de janeiro, o Estado de São Paulo registrou o centenário de João Cabral de Melo Netto, o “camarada diamante”, como o chamava Vinicius de Moraes, referindo-se ao poeta ateu, que não gostava de música, menosprezava o lirismo e defendia uma estética objetiva e luminosa. Félix Atayde dizia que Cabral era o poeta do materialismo dialético. O Estado divulgou o seguinte poema cabralino inédito:
A nuvem sobre a batalha
Não há nuvem sobre a batalha.
Nas guerras de antes, sim havia.
Hoje na nuvem está a batalha.
Não a chuva que a ignoraria.
Hoje, ao pensar Joaquim Cardoso
O que me disse lembro, ainda,
Dia que os jornais noticiaram
A nuvem caída em Hiroshima.
“Não há nuvem sobre a batalha.
Minha imagem foi abolida.
Hoje a nuvem leva navalhas
No que foi chuvarada ontem-em-dia.
Da guerra em duas dimensões.
Em que a vitória era uma colina.
A última foi de dentro:
A nuvem choveu na cozinha”
*(Poema inédito que estará num livro organizado por Antonio Carlos
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