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Cultura não se dirige, apoia-se
Nunca se viu um convidado para qualquer cargo de governo pedir para fazer antes um teste ou reservar-se ao direito de só entrar aos poucos, podendo desistir na última hora. Bem, mas o Brasil também nunca viu um governo como o de Jair Bolsonaro.
Ministros dão como certo que a atriz Regina Duarte aceitará o convite para substituir o filonazista Roberto Alvim na Secretaria de Cultura. Se isso acontecer, o que significa? Até que ela comece a mostrar serviço, apenas que o governo preencheu uma vaga aberta.
Regina terá autonomia para demitir quem Alvim nomeou? Terá autonomia para escolher quem bem quiser para pôr no lugar? Com sua aquisição, Bolsonaro estará disposto a rever sua estreita, marcadamente ideológica política cultural?
Em um Estado democrático, Cultura não se dirige, apoia-se, estimula-se, incentiva-se e respeita-se sua diversidade. É isso o que ele pretende fazer doravante? Já o disse a Regina ou ela já perguntou a respeito?
Moro cala sobre os ataques de Bolsonaro à imprensa
Ministro da Justiça do Brasil ou ministro do governo?
O ex-juiz Sérgio Moro foi aprovado em mais um teste de fidelidade irrestrita ao presidente Jair Bolsonaro. Foi capaz de afirmar que seu patrão “dá ampla liberdade à imprensa” apesar dos ataques que ele faz rotineiramente a jornalistas e a veículos de comunicação desde que tomou posse em janeiro do ano passado.
Segundo balanço divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas, Bolsonaro, em 2019, foi o responsável por 121 dos 208 ataques, o que representa 58% do total. E nada indica que ele esteja disposto a mudar de comportamento. Pelo contrário. No último dia 6, Bolsonaro disse a um grupo de repórteres:
– Quem não lê jornal não está informado. E quem lê está desinformado. Tem de mudar isso. Vocês são uma espécie em extinção.
Há cinco dias, em solenidade no Palácio do Planalto, ele disse aos gritos:
– Nossa imprensa tem medo da verdade. Trabalham contra a democracia, contra a liberdade, trabalham pelo que não presta no Brasil. […] Deixem nosso governo em paz.
Entrevistado, ontem, no programa Roda Viva, da TV Cultura, e perguntado sobre os ataques, Moro preferiu responder assim:
– O que vi nas eleições passadas, é que você tinha um grupo falando que iria regular imprensa, cercear a liberdade da imprensa e do judiciário. E do outro lado, vejo o presidente dando ampla liberdade à imprensa. […] Você não vê qualquer atitude do presidente tentando cercear a liberdade de imprensa.
Mandar jornalista calar a boca não é uma tentativa de cercear a imprensa? Cancelar assinaturas de jornais para que ninguém no governo os leia, não seria outra tentativa? Não perder uma só oportunidade para desacreditar o que se publica a seu respeito é o quê? Não adianta perguntar a Moro. É perda de tempo.
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