Seguindo a larga tradição dos partidos
americanos e europeus, o PSDB resolveu construir sua candidatura radicalizando
a democracia interna e convocando suas bases a participar. Esperamos que esta
seja uma experiência transformadora que inspire os demais partidos a renovar
suas práticas.
Em 2018, o mote central da eleição foi um suposto confronto entre a “nova política” e a “velha política”. Hoje há um consenso nacional de que “o novo pelo novo” é um conceito vazio. O próprio governo federal entregou pouco de seus compromissos de campanha. O exemplo mais acabado de frustração da população com a chamada “nova política” talvez seja a experiência no Rio de Janeiro, envolvendo o ex-magistrado, político de carreira meteórica e governador afastado, Wilson Witzel. Casos decepcionantes ocorreram também em Tocantins, Amazonas e Santa Catarina. Felizmente, em Minas, o Governador Zema faz um trabalho honesto, sério e bem-intencionado. Governar bem não depende de figurinos maniqueístas e superficiais. A medida são os resultados.
Lembro-me sempre da velha raposa política
mineira que ao ser questionada sobre sua idade avançada ironizou o adversário
mais jovem: “Churchill, aos 75, levou os aliados à vitória contra o nazismo e
salvou a democracia. Nero, aos 20, incendiou Roma”. O novo e o velho são
conceitos relativos.
O PSDB com sua coragem e ousadia de
exercitar verdadeiramente o novo, está alcançando todos os objetivos originais
traçados por sua direção: i. construir o único caminho possível para a unidade
partidária; ii. aumentar a visibilidade e o nível de conhecimento de seus
pré-candidatos; iii. mobilizar militantes, vereadores, prefeitos, vices e
deputados estaduais que nunca participaram das decisões nacionais; e, iv.
lapidar uma visão de país e um programa de governo.
Muitos perguntam se as prévias não vão
aguçar divergências e divisões. É uma visão distorcida de democracia que crê
que jogando as diferenças para debaixo do tapete, a unidade e o partido saem
fortalecidos. É a aposta na “paz dos cemitérios”. Na calmaria anestesiante. Democracia,
ao contrário, é vida, é o debate aberto e franco das divergências, de forma bem
conduzida e focada no avanço das propostas majoritárias.
Amanhã saberemos quem será o candidato do
PSDB em 2022: Eduardo Leite ou João Dória. A partir daí, haverá um amplo
diálogo com as forças democráticas, chegando à melhor chapa para enfrentar Lula
e Bolsonaro e erguendo uma alternativa para recolocar o país nos trilhos e superar
a atual polarização estéril. Mas as prévias do PSDB, por si, já terão sido uma
enorme contribuição à revitalização da democracia brasileira.
*Presidente do Conselho Curador ITV –
Instituto Teotônio Vilela (PSDB)
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