Blog do Noblat / Metrópoles
Não se trata mais de ser anti Bolsonaro,
mas de ser a favor de um Brasil melhor e mais belo, rico, justo e sustentável
Lula chegou ao segundo turno contra a Direita e o Centro, bolsonaristas e terceira via. Com apoio mais amplo, venceu o segundo turno por diferença mínima. Teria perdido se apenas 1% dos eleitores mudassem o voto. Além de Bolsonaro receber quase 50% dos votos, seus partidários ganharam força no parlamento e em governos estaduais. O Brasil elegeu Lula graças a uma frente ampla de democratas-progressistas que tem o mesmo tamanho da frente ampla de bolsonaristas e seus aliados conservadores. Por pouco não houve o temido Terceiro Turno do golpe, mas o Brasil está em um Quarto Turno por ideias para o futuro.
Por anos, os democratas-progressistas ficaram preocupados com votos, não com as mentes, e deixaram que o conservadorismo crescesse. O Brasil ingressou em um quarto e longo turno entre forças conservadoras e forças progressistas, não mais pelos votos, mas pela mente dos brasileiros. Uma disputa entre os que desejam o Brasil atrasado, desigual, negacionista, preconceituoso, insustentável fiscal e ecologicamente, e aqueles que desejam um país com eficiência econômica, sem pobreza, nem concentração de renda, com sustentabilidade fiscal e ecológica, liberdade nos costumes, respeito à democracia e suas instituições.
Nos próximos anos, a política vai estar
dividida entre os progressistas e os conservadores, que nunca foram tão fortes,
graças aos 58 milhões de votos do Bolsonaro, e bancada no Congresso. Neste
momento da disputa, não há Centro. No Quarto Turno, o governo Lula representa o
progresso contra os conservadores, os reacionários e até mesmo grupos
fascistas. Por isto, os democratas-progressistas devem apoiar a difícil luta
que o governo Lula enfrentará para ganhar o Quarto Turno da eleição de 2022, a
mente do Brasil, para não perderem a eleição de votos em 2026. Recuperar
eleitores que votaram em candidatos da direita conservadora por não se sentirem
representados pela imagem, discurso e comportamento dos progressistas nas
últimas décadas. Ganhar os praticantes de religiões, especialmente evangélicos,
que não aceitam a liberalidade nos costumes contrários a suas crenças; retomar
aqueles incomodados com a ênfase na cor vermelha de correligionários, no lugar
do verde-amarelo de todos; reconquistar aliados que se sentem recusados pela
arrogância isolacionista de militantes que se sentem donos da verdade; trazer
de volta aqueles que esperam explicações para erros cometidos.
O governo Lula e seus aliados precisam
enfrentar o Longo Quarto Turno, ganhando não apenas o voto, mas também a
imaginação e a cultura política da sociedade. Não se trata mais de ser anti
Bolsonaro, mas de ser a favor de um Brasil melhor e mais belo, rico, justo,
sustentável, responsável, pacífico, racional, tolerante, com um sonho a ser
construído: uma sociedade democrática e livre, onde todos vivam acima de um
piso social e abaixo de um teto ecológico, dispondo de educação e saúde com a
máxima qualidade para todos.
Estes são os desafios do Longo Quarto
Turno: não mais apenas por votos, mas pela mente, a ética e os valores
brasileiros em direção ao futuro que desejamos.
*Cristovam Buarque foi senador, ministro e governador
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