sexta-feira, 7 de julho de 2023

Eliane Cantanhêde - Haddad e Tarcísio, cara a cara

O Estado de S. Paulo

Adversários em São Paulo em 2022, Haddad e Tarcísio podem se encontrar novamente em 2026?

A reforma tributária pôs cara a cara o ministro Fernando Haddad (Fazenda) e o governador Tarcísio Gomes de Freitas (SP). Um é do PT, nome forte do presidente Lula e chegou ao segundo turno da eleição à Presidência em 2018. O outro é do Republicanos e estreou na política já como candidato vencedor ao governo do principal Estado do País, graças ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Adversários em 2022 em São Paulo, são virtuais herdeiros do espólio de Lula e Bolsonaro e podem se enfrentar de novo em 2026.

A votação da reforma consolidou a posição de Haddad como o maior articulador político de Lula e catapultou Tarcísio à política nacional, como líder de uma nova direita mais moderna e pragmática. O risco dele é perder o que já tem, ou tinha – o apoio de Bolsonaro – e não ganhar o que ainda não tem – a simpatia do centro e da maioria da centro-direita.

Na reunião do PL ontem Bolsonaro assumiu o ciúme do sucessor natural e parte da bancada vaiou o governador. Tarcísio, porém, tinha de aproveitar a reforma para usar seus trunfos: o governo de São Paulo, o conhecimento do Congresso (foi assessor parlamentar) e a capacidade de aprender e se adaptar rapidamente. E, cá entre nós, é bom para o governador ser alvo de Bolsonaro. Mostra força.

Há duas avaliações sobre suas articulações. Uma é de que ele desembarcou em Brasília disposto a marcar posição contra a reforma, mas teve de recuar para entrar em sintonia com sua base em São Paulo, onde as indústrias, o setor financeiro, a direita liberal e milhões de eleitores são a favor da reforma. A outra é de que ele já chegou ao debate disposto a aprovar a reforma, mas deixando suas digitais, ou seja, negociando mudanças.

O fato é que Haddad e Tarcísio, apesar das eleições no ano passado, aproximaram-se, conversaram civilizadamente. Um episódio foi decisivo: no primeiro debate de 2022, Tarcísio jogou no ar contra Haddad a versão do “pior prefeito de São Paulo”, mas chegou ao segundo debate pedindo desculpas. Haddad gostou.

Três outros fatores empurraram a reforma tributária na Câmara: o comando do presidente Arthur Lira, a opinião pública e os R$ 5,1 bilhões em emendas parlamentares, a velha “compra de votos”. Bolsonaro ficou falando sozinho, contra a reforma e tentando levar o debate para o campo do “governo contra oposição”. Venceu o coro de Lula, Haddad, Tarcísio, Lira e o relator, deputado Aguinaldo Ribeiro: revisar o cipoal tributário não é parte da guerra entre Lula e Bolsonaro, esquerda e direita, PT e PL, mas sim uma necessidade do País. E não é de hoje...

 

6 comentários:

Gira Mundo disse...

E a Ministra Simone Tebet !

EdsonLuiz disse...

■Lula e Bolsonaro ; lulistas e bolsonaristas:: sempre tão iguais!

▪A Reforma Tributária é a mudança mais premente em nossa economia, e só não é mais importante do que foi o Plano Real porque no momento anterior ao surgimento do Real nós nem tínhamos mais o que pudéssemos chamar de economia, afundados que estávamos em uma enorme inflação que chegou a 2700% anualizados.

Hoje , com a Reforma Tributária, Bolsonaro se opõe a esta crucial reforma tão somente para criar dificuldades ao atual governo, não se importando com o Brasil e fazendo apenas seu cálculo sórdido e todo voltado para seu interesse pessoal.

Bolsonaro, ao tentar inviabilizar a Reforma Tributária, repete o que fizeram Lula e o PT contra o Plano Real, que atiçaram o quanto puderam a opinião pública para tentarem inviabilizar o plano, fecharam questão para votar contra a sua aprovação e continuaram fazendo campanha para desacreditá-lo.

Não foi só com o Plano Real que Lula e o PT se colocaram desta mesma forma que Bolsonaro se coloca, em suas práticas de transformarem a política em guerra. A guerra é tudo que a política não é e não pode ser, mas Lula e Bolsonaro insistem nessa beligerância. Eles, Lula e Bolsonaro, ou compram seus apoios:: i)compram o voto do eleitor com promessas eleitoreiras e retóricas populistas e ii) compram o apoio parlamentar com o custo que tiver, chegando ao ponto de praticarem corrupção para comprarem apoio e acabam fazendo mais proveito pessoal dessa corrupção que apenas provocarem a já sórdida desqualificação do exercício da política.

Só a boa política consegue encontrar saída para crises e impasses econômicos, sociais e culturais como estes que vivenciamos no Brasil. O Brasil precisa se livrar das duas forças populistas que o estão dominando e iluminar o surgimento e/ou fortalecimento de forças políticas mais saudáveis, seja à esquerda ou à direita.

Os seguidores dos dois Mitos populistas não conseguem enxergar suas contradições venais ; e alguns, quando enxergam, relevam e amenizam as venalidades. Só por forte envolvimento emocional dos seguidores com seus líderes populistas se explicam esses limites em não enxergarem suas venalidades, porque quando é o ator político que eles tomam como inimigo quem pratica os mesmos deslizes eles veem prontamente o mal e o denunciam, e chamam de gado aos seguidores do inimigo, por compreensivelmente não conseguirem conceber como alguém pode acompanhar um lider tão desaconselhável e, como falam, "passarem pano" para o despropício líder. Mas a boa consciência só vale para os defeitos do lider inimigo, e logo essa boa consciência acaba quando tem que ser aplicada ao seu próprio ídolo.

O exercício da política no Brasil está ficando cada vez mais deprimente e precisamos fazer um esforço para requalificá-lo. Para mim, a requalificação de nossa política só começará quando afastarmos os dois populistas, com o agravante de eles serem populistas corruptos, adeptos de gastanças e apoiadores de regimes autoritários.

Daniel disse...

Mas, Edson, o gado bolsonarista é mais golpista e o gado lulista é relativamente democrático. Ou até nisto eles seriam iguais?

ADEMAR AMANCIO disse...

Verdade,por pior que tenha sido o PT no passado,Bolsonaro e sua gente é infinitamente pior.

EdsonLuiz disse...

■Daniel, bom dia!
Respondendo a você::
▪Todos cometemos erros, mas há erros graves que precisam ser denunciados sempre e sem tréguas, especialmente quando envolvem a coisa pública, porque erros com a coisa pública têm consequências brutais contra os mais vulneráveis e contra toda a sociedade.

Pior é quando ficamos envolvidos emocionalmente ou ideologicamente, nos tornamos seletivos e só enxergamos os erros que queremos e naqueles que queremos.
Quando é assim::
í)Autorizamos e inspiramos negativamente a que outros façam o mesmo que nós e selecione as pessoas que eles querem proteger e as que eles querem condenar ; e
ii)Nos tornamos moralistas e cínicos, aceitando que os nossos protegidos cometam o que não aceitamos nos outros.

=>É aceitável relativizar erros morais praticados com o uso da coisa pública, dependendo de quem os pratique?
■Para responder a esta pergunta podemos tomar umas duas coisinhas exatamente de Lula e Bolsonaro como exemplo::

●Flávio Bolsonaro se envolveu com esquema de rachadinha e os investigadores chegaram às provas contra o filho de Bolsonaro, sendo que os investigadores não se ativeram estritamente ao rito processual legal previsto na legislação para arrecadação dessas provas.

▪As provas contra Flávio Bolsonaro não foram fraudadas e não foram inventadas pelos investigadores ; eram todas provas reais.
▪=>Mas como os Ritos Processuais para arrecadação das provas não foram estritamente obedecidos, as provas contra Flávio Bolsonaro foram INVALIDADAS.
▪Flavio Bolsonaro está impune porque houve descumprimento de simples rito processual*!!

*(Flávio Bolsonaro ainda é bem jovem e o prazo de prescrição para ele ser julgado é integral:: ainda dá tempo de retomar o processo e Flávio Bolsonaro ser julgado).

Possa ser que consigam outras provas contra os seus crimes e, mesmo que as novas provas que conseguirem contra ele não tenham a mesma força daquelas que foram invalidadas por terem sido descumpridos simples ritos jurídicos na sua arrecadação, essas possíveis novas provas consigam levá-lo a julgamento por seus crimes).

■Este MESMÍSSIMO caso de Flávio Bolsonaro se repete no caso de Lula:: antes do processo contra Flávio Bolsonaro, o mesmo erro de descumprimento de ritos jurídicos foram cometidos no processo contra Lula e levaram à anulação das medidas condenatórias decididas, mesmo após essas medidas contra Lula terem sido confirmadas e reconfirmadas em duas instãncias superiores de jugamento coletivo, e confirmadas à unanimidade (3X0 no TRF-4 e 5X0 no STJ).

Como o cumprimento de condenação só pode ser exigido se houver um julgamento feito com estrita obediência aos ritos processuais, as medidas condenatórias contra Lula foram anuladas porque foram cometidos erros meramente rituais no processo.

Lula não foi inocentado (se houvesse sido inocentado ele poderia inclusive mover um processo contra o ex-juiz e hoje senador Sérgio Moro. E Lula, se tivesse onde se apegar, certamente faria isso e colocaria Sérgio Moro na cadeia, como eu ou você, se fôssemos condenados covardemente e sem provas, certamente também moveríamos um processo contra quem nos houvesse condenado indevidamente e nos deixado mofando em uma cadeia, sendo que nós éramos inocentes. Só não moveriamos um processo contra quem houvesse sido covarde contra nós se não tivéssemos onde nos apegar para mover a ação, vale dizer:: se, no caso, nós estivessemos repetindo que fomos injustiçados, mas de fato nenhuma covardia houvessem feito contra nós para nos dar motivo para processar quem nos botou na cadeia.

EdsonLuiz disse...

■Lula não foi inocentado e está impune. As provas contra Lula, do mesmo modo como as contra Flávio Bolsonaro, foram inutilizadas por terem cometido erros meramente rituais nos seus processos, e estão aí:: um é Senador e outro é Presidente da República.

■O pai de Flávio, o Jair Bolsonaro, com sua postura fria, em relação à pandemia de Covid-19, por exemplo, tomou várias medidas irresponsáveis e outras várias medidas necessárias e que eram de sua responsabilidade Bolsonaro deixou de tomar

=>Pergunto::
▪Quantas milhares de pessoas podem ter morrido devido à frieza e irresponsabilidade de Bolsonaro?
----Genocida???

■E Lula?
▪A corrupção feita no governo Lula, que juntou José Dirceu, Delúbio Soares, Eduardo Cunha, Antônio Pallocci, Norberto Odebrecht, Léo Pinheiro, politicos do MDB, do PP, do PL, do PT e vários outros corruptos, inclusive o próprio Lula, envolveu bilhões em recursos públicos aqui e lá fora.

▪Até quando acompanhei, já havia sido devolvidos R$14Bilhões do dinheiro dessa corrupção e havia previsão de outros processos levarem à recuperação de pelo menos outros $34 bilhões.

=>Pergunto::
▪Quantas pessoas podem ter morrido por recursos que não chegaram no Sistema de Saúde por causa da corrupção de Lula e outros políticos, empreiteiras de obras e doleiros?
----Genocida???

■Muitos bolsonaristas negam ou relativizam suas diatribes ; muitos lulisras negam ou relativizam suas diatribes.

=>Cabe relativizar?
=>Podemos escolher?