Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti
DEU EM O GLOBO
Lula reúne bancada petista para reforçar apelo por apoio a Sarney
Sem alternativa para a sucessão no Senado, o PMDB ameaçou deixar o governo Lula e a candidatura de Dilma Rousseff em 2010, enquadrou o PT e garantiu uma sobrevida para José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa. Sarney ficou mais forte desde que, na véspera, ameaçara renunciar, assustando as cúpulas do governo e do PT. A aliança com o PMDB é considerada essencial pelo Planalto para assegurar a candidatura presidencial de Dilma e o controle da CPI da Petrobras. Cinco senadores petistas ainda querem o afastamento de Sarney. Mas, em discurso no Senado, o líder do PT, Aloizio Mercadante, embora reconhecendo as divergências da bancada, voltou a defender Sarney e reafirmou o apelo. "Não há governabilidade sem aliança com o PMDB." O presidente Lula convocou a dividida bancada petista para pedir, durante um jantar, apoio ainda mais explícito a Sarney.
Ameaça de PMDB dá fôlego a Sarney
Partido sugere deixar o governo e Dilma e leva Lula a enquadrar PT no apoio ao aliado
A falta de uma alternativa para a sucessão no Senado e a volta das ameaças do PMDB de desembarcar não só da base do governo Lula como da candidatura de Dilma Rousseff à sucessão presidencial de 2010 podem dar um novo fôlego ao projeto do senador José Sarney (PMDB-AP) de permanecer no comando da Casa. Preocupado em garantir a governabilidade em seu último ano e meio de mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia, em jantar ontem à noite, cobrar a solidariedade e a fidelidade da bancada petista do Senado, fundamentais para evitar a renúncia de Sarney e todas as consequências de sua saída. A começar pelo risco de instalação imediata da temida CPI da Petrobras, que poderá dar dores de cabeça sérias ao Planalto.
Diante desse quadro de dificuldade do governo, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), apostava ontem que o PT encontraria uma solução interna e apoiaria Sarney. Hoje, está previsto um encontro de Lula com o presidente do Senado. Para Renan, a crise levou o PT a se aproximar do PMDB. Ele deu sinais da importância do partido para o governo, e citou como exemplo o esforço do PMDB para barrar a CPI da Petrobras, num recado aos petistas. Para o líder peemedebista, o jogo político foi zerado depois do movimento de Sarney dos últimos dias. Sarney ameaçou renunciar e assustou as cúpulas do governo e do PT.
- O Sarney colocou a bola no chão, e o jogo voltou para o campo da política. O apoio do PT está evoluindo. A resistência em apoiar Sarney é muito pequena. E Lula tem ajudado muito. Chegou a dar cinco declarações em apoio a Sarney. Essa crise aproximou o PT do PMDB. Agora, é o PT que vai decidir o que vai acontecer. Temos que aguardar a decisão do PT - alertou Renan, para lembrar que o PMDB tem dado apoio ao governo. - A posição do PMDB é contra a CPI da Petrobras. Por isso, não indicou o nome para relatoria. Como criar uma CPI contra aqueles que apoiamos?
Com a primeira vacilada do PT em sustentar Sarney, na terça-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, chegou a propor que todos os representantes do PMDB no governo colocassem seus cargos à disposição. Proposta que atende ao desejo de parte do PMDB, que está em busca de um discurso para desembarcar do governo Lula e aderir à candidatura tucana, seja com o governador José Serra (SP) ou Aécio Neves (MG). A ideia não foi levada adiante.
Heráclito: "A crise é dos 81 senadores"
Além disso, o PMDB não tem um candidato natural à sucessão de Sarney, caso ele renuncie. O nome mais forte para substituí-lo seria o de Garibaldi Alves (PMDB-RN), que sucedeu a Renan Calheiros quando este foi obrigado a renunciar à presidência da Casa para salvar o mandato parlamentar. Sua candidatura, porém, esbarraria num problema constitucional, que impede que um mesmo parlamentar exerça duas vezes na mesma legislatura um cargo da Mesa. O temor por uma nova crise, caso Sarney renuncie, é também de setores da oposição.
- O afastamento de Sarney da presidência do Senado não resolve a crise. Pelo contrário, poderá criar outras crises. A crise é dos 81 senadores - disse, no plenário, o 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI).
Se Sarney renunciar por falta de apoio do PT, a longo prazo, Lula e sua candidata, Dilma Rousseff, poderão perder o apoio da ala do PMDB mais fiel ao governo, que é justamente a do Senado. A aliança com o PMDB é considerada essencial pelo Planalto para consolidar a candidatura da ministra.
- Acho que, a partir deste momento, que chamam de crise do Senado, nós estamos nos encontrando, estamos nos redescobrindo. Daqui para a frente é 2010 - disse Wellington Salgado (PMDB-MG), em plenário, num aparte ao petista Aloizio Mercadante (SP), que tentava explicar ontem o dilema de seu partido, que resiste a apoiar Sarney, mas precisa do PMDB para assegurar a governabilidade do país.
A permanência de Sarney no cargo, por outro lado, não livrará o presidente de problemas.
- Se Sarney ficar, Lula terá de carregar o seu cadáver - observou um líder da oposição.
Em público, Lula evitou falar da crise. Perguntado, quando saía de uma solenidade no Ministério da Justiça, se teria o encontro pedido por Sarney, afirmou:
- O Sarney não pediu para conversar comigo. Ele é presidente do Senado, quando pedir, vamos conversar.
Mais cedo, porém, foi a própria assessoria de Sarney que informou que ele falara com Lula por telefone e acertado o encontro de hoje.
DEU EM O GLOBO
Lula reúne bancada petista para reforçar apelo por apoio a Sarney
Sem alternativa para a sucessão no Senado, o PMDB ameaçou deixar o governo Lula e a candidatura de Dilma Rousseff em 2010, enquadrou o PT e garantiu uma sobrevida para José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa. Sarney ficou mais forte desde que, na véspera, ameaçara renunciar, assustando as cúpulas do governo e do PT. A aliança com o PMDB é considerada essencial pelo Planalto para assegurar a candidatura presidencial de Dilma e o controle da CPI da Petrobras. Cinco senadores petistas ainda querem o afastamento de Sarney. Mas, em discurso no Senado, o líder do PT, Aloizio Mercadante, embora reconhecendo as divergências da bancada, voltou a defender Sarney e reafirmou o apelo. "Não há governabilidade sem aliança com o PMDB." O presidente Lula convocou a dividida bancada petista para pedir, durante um jantar, apoio ainda mais explícito a Sarney.
Ameaça de PMDB dá fôlego a Sarney
Partido sugere deixar o governo e Dilma e leva Lula a enquadrar PT no apoio ao aliado
A falta de uma alternativa para a sucessão no Senado e a volta das ameaças do PMDB de desembarcar não só da base do governo Lula como da candidatura de Dilma Rousseff à sucessão presidencial de 2010 podem dar um novo fôlego ao projeto do senador José Sarney (PMDB-AP) de permanecer no comando da Casa. Preocupado em garantir a governabilidade em seu último ano e meio de mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendia, em jantar ontem à noite, cobrar a solidariedade e a fidelidade da bancada petista do Senado, fundamentais para evitar a renúncia de Sarney e todas as consequências de sua saída. A começar pelo risco de instalação imediata da temida CPI da Petrobras, que poderá dar dores de cabeça sérias ao Planalto.
Diante desse quadro de dificuldade do governo, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), apostava ontem que o PT encontraria uma solução interna e apoiaria Sarney. Hoje, está previsto um encontro de Lula com o presidente do Senado. Para Renan, a crise levou o PT a se aproximar do PMDB. Ele deu sinais da importância do partido para o governo, e citou como exemplo o esforço do PMDB para barrar a CPI da Petrobras, num recado aos petistas. Para o líder peemedebista, o jogo político foi zerado depois do movimento de Sarney dos últimos dias. Sarney ameaçou renunciar e assustou as cúpulas do governo e do PT.
- O Sarney colocou a bola no chão, e o jogo voltou para o campo da política. O apoio do PT está evoluindo. A resistência em apoiar Sarney é muito pequena. E Lula tem ajudado muito. Chegou a dar cinco declarações em apoio a Sarney. Essa crise aproximou o PT do PMDB. Agora, é o PT que vai decidir o que vai acontecer. Temos que aguardar a decisão do PT - alertou Renan, para lembrar que o PMDB tem dado apoio ao governo. - A posição do PMDB é contra a CPI da Petrobras. Por isso, não indicou o nome para relatoria. Como criar uma CPI contra aqueles que apoiamos?
Com a primeira vacilada do PT em sustentar Sarney, na terça-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, chegou a propor que todos os representantes do PMDB no governo colocassem seus cargos à disposição. Proposta que atende ao desejo de parte do PMDB, que está em busca de um discurso para desembarcar do governo Lula e aderir à candidatura tucana, seja com o governador José Serra (SP) ou Aécio Neves (MG). A ideia não foi levada adiante.
Heráclito: "A crise é dos 81 senadores"
Além disso, o PMDB não tem um candidato natural à sucessão de Sarney, caso ele renuncie. O nome mais forte para substituí-lo seria o de Garibaldi Alves (PMDB-RN), que sucedeu a Renan Calheiros quando este foi obrigado a renunciar à presidência da Casa para salvar o mandato parlamentar. Sua candidatura, porém, esbarraria num problema constitucional, que impede que um mesmo parlamentar exerça duas vezes na mesma legislatura um cargo da Mesa. O temor por uma nova crise, caso Sarney renuncie, é também de setores da oposição.
- O afastamento de Sarney da presidência do Senado não resolve a crise. Pelo contrário, poderá criar outras crises. A crise é dos 81 senadores - disse, no plenário, o 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI).
Se Sarney renunciar por falta de apoio do PT, a longo prazo, Lula e sua candidata, Dilma Rousseff, poderão perder o apoio da ala do PMDB mais fiel ao governo, que é justamente a do Senado. A aliança com o PMDB é considerada essencial pelo Planalto para consolidar a candidatura da ministra.
- Acho que, a partir deste momento, que chamam de crise do Senado, nós estamos nos encontrando, estamos nos redescobrindo. Daqui para a frente é 2010 - disse Wellington Salgado (PMDB-MG), em plenário, num aparte ao petista Aloizio Mercadante (SP), que tentava explicar ontem o dilema de seu partido, que resiste a apoiar Sarney, mas precisa do PMDB para assegurar a governabilidade do país.
A permanência de Sarney no cargo, por outro lado, não livrará o presidente de problemas.
- Se Sarney ficar, Lula terá de carregar o seu cadáver - observou um líder da oposição.
Em público, Lula evitou falar da crise. Perguntado, quando saía de uma solenidade no Ministério da Justiça, se teria o encontro pedido por Sarney, afirmou:
- O Sarney não pediu para conversar comigo. Ele é presidente do Senado, quando pedir, vamos conversar.
Mais cedo, porém, foi a própria assessoria de Sarney que informou que ele falara com Lula por telefone e acertado o encontro de hoje.
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