Dirceu e Genoino, pelo menos, assim como esperavam pelo voto condenatório de
Barbosa, segundo se sabe, não esperam por grandes divergências entre os
ministros, no curso do atual capítulo, suficientes para uma absolvição. Esperam
a condenação, inconformados com o a dinâmica do julgamento, não com a
resignação dos culpados. Resta saber que atitude tomarão, se e quando isso
acontecer, estas duas figuras da elite do PT. É claro o anseio de seus adversários
por vê-los algemados mas suas trajetórias na resistência à ditadura e na luta
política posterior não recomendam a crença na passiva humilhação pública,
negociando comutações, regime semiaberto, regalias ou indulgências do
Judiciário. Dirceu tem dito aos amigos que já o mataram politicamente, mas que,
mesmo preso, não deixará de combater o plano que julga existir para matar o PT
e seu projeto para o país. Genoino é menos impulsivo, tem invocado até o pau de
arara que experimentou na tortura para se negar a falar. Mas sua personalidade
altiva também não sugere que se abaixará diante da forca.
Delúbio é um militante disciplinado e cônscio do grande mal que fez ao partido.
Seguirá a orientação partidária, seja qual for. Os outros condenados ontem por
Barbosa são Marcos Valério e seus sócios. Não sendo políticos, suas condutas
serão mais pragmáticas, buscando explorar todos os recursos para reduzir as
penas, que devem ser pesadas para todo este grupo. Eles receberão uma
condenação por corrupção ativa para cada beneficiário dos cheques que
assinaram. Isso sem falar na acusação de formação de quadrilha.
Cronômetro. Tal como suspeitava o PT, o julgamento do mensalão deixará
os dois principais réus do PT pendurados no cadafalso no transcurso da eleição.
Ontem, o revisor Ricardo Lewandowski apresentou parcialmente seu voto, mas
dificilmente os outros oito ministros concluirão seus votos hoje. No segundo
turno, começará o exame da acusação de formação de quadrilha. A dosimetria das
penas ficará para depois da apuração. Há controvérsias sobre o impacto
eleitoral do julgamento mas, para o PT, não poderia haver cronograma pior.
Historiar é preciso…
Vem à luz, depois de muito trabalho, o livro do jornalista Audálio Dantas As
duas guerras de Vlado Herzog (Civilização Brasileira). A primeira guerra foi
enfrentada pelo menino judeu e sua família na resistência e fuga do nazismo.
Eles viviam em Banja Lula, na Iugoslávia, fugiram para a Itália e de lá os pais
de Vlado conseguiram fugir para o Brasil. Os parentes que ficaram para trás
foram quase todos exterminados. Adulto, o menino tornou-se um jornalista de
brilho especial. Em 1975, foi preso, torturado e morto pela ditadura militar,
que simulou seu suicido. Há poucos dias, a Justiça autorizou a troca da causa
mortis em sua certidão de óbito. Audálio diz que o desejo de escrever a
história de Vlado fisgou-o durante o ato ecumênico por sua morte, que reuniu
milhares de pessoas na Catedral da Sé, em São Paulo, num prenúncio de que a
sociedade já não aceitava mais a opressão.
Dura escolha
Em São Paulo, na terça-feira, pergunto ao motorista de táxi em quem votará para
prefeito. Ele responde:
— Tá difícil. Tem o da Igreja, tem o fujão e tem este do tal mensalão.
Em tempo ele se lembra de Chalita.
— E ainda este de que os padres gostam.
Realmente…
Demora da Anvisa. Já registramos aqui a demora da Anvisa em liberar os
pedidos para produção de remédios genéricos e similares. Quando entram no
mercado, puxam os preços para baixo, aliviando o bolso de quem precisa deles. A
Indústria Farmacêutica monitorou os prazo no período de um ano e concluiu que o
prazo para liberação aumento de sete meses para um ano e quatro meses. Enquanto
isso, o brasileiro paga mais pelos de marca.
Silêncio da Anac. Você já perdeu uma passagem aérea porque a multa era
maior que o valor do bilhete? Tudo bem, era regra do contrato. Mas a taxa de
embarque, que é paga junto, as companhias não devolvem ao comprador. A Anac faz
silêncio quando indagada a respeito.
Fonte: Correio Braziliense
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