quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Disposição de investir da indústria é a pior desde início de 2009

Pesquisa da CNI mostra que 85,4% das empresas pretendem investir este ano; número é maior que ode 2012

Célia Froufe

BRASÍLIA - A disposição do industrial brasileiro para investimentos este ano é a pior desde o início de 2009, quando o mundo atravessava forte crise financeira. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem, mostrou que 85,4% das empresas do setor pretendem investir em 2013. A fatia é maior que a do ano passado, mas é mais baixa do que há quatro anos, quando a intenção de tirar dinheiro do caixa para estimular a produção fazia parte dos planos de 86,6% das indústrias.

Com o cenário global ainda "turvo" e o aumento da competição, principalmente com a Ásia, o empresário brasileiro volta cada vez mais seu foco para o mercado doméstico. Apenas 4,7% das empresas atrelaram a perspectiva de investimentos ao mercado externo, nível mais baixo em dez anos. "Não prevejo novas turbulências no cenário internacional, mas o comércio brasileiro fica patinando, não cresce, enquanto os asiáticos não param de aumentar a competição", disse o gerente executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

A entidade revelou que, em 2012, apenas metade das empresas teve sucesso ao destinar seus recursos conforme o previsto. A outra metade ou realizou investimentos parciais ou cancelou os planos do início do ano. Com isso, apenas 80,2% das indústrias conseguiram efetivar seus objetivos em 2012, ante 88,7% de 2011.

Entraves. Os principais obstáculos em relação à concretização das metas de 2012 foram a incerteza econômica e a reavaliação da demanda. Esses dois pontos são os mesmo que lideraram o ranking de 2013 apresentado pela CNI.

Também estão na lista o custo do crédito e a dificuldade de obter empréstimos. Flávio Castelo Branco ressaltou que a pesquisa, feita em novembro com 584 companhias de todos os portes, não captou a eventualidade de novo racionamento de energia. "Essa é uma questão adicional às incertezas já esperadas", considerou. "O empresário se pergunta: "Por que vou investir se terei limitações de uso de energia?".

No radar dos industriais há a avaliação de que a demanda ,será mais forte este ano do que em 2012, mas não é aguardado um 2013 excepcional. A projeção é a de que a atividade industrial tenha encolhido cerca de 2% no ano passado. "O que vemos é que a capacidade deverá ser adequada em relação à expectativa que se tem para a demanda, que não deve ser tão forte em 2013."

O que pode ajudar o setor este ano, na avaliação do economista, é a entrada em prática de ações adotadas pelo governo para reduzir os custos da produção, como a desoneração da folha de pagamentos e o corte da conta de luz. As respostas sobre se o governo teve êxito virão apenas a partir do terceiro trimestre, segundo Castelo Branco.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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