Presidente admite falhas, mas minimiza efeito da mudança no calendário de pagamento do Bolsa-Família na correria às agências da Caixa e se compromete a aumentar fiscalização
Juliana Colares
BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff disse ontem, em visita à Etiópia, que o Bolsa-Família pode ter tido falhas e que o governo federal precisa aprimorar a fiscalização do programa. Para ela, o problema registrado no fim da semana passada, quando boatos sobre o fim do benefício provocaram uma corrida a agências da Caixa Econômica Federal de 12 estados, tem que ser transformado em ganho.
"Usamos a tecnologia da informação mais sofisticada possível com o Bolsa-Família. A Polícia Federal e a segurança da Caixa vão procurar todos os motivos e vão elencá-los. O que fazemos é garantir que seja o menos possível de ser objeto de falha interna", disse a presidente. "O que a gente pode tirar de bom disso? Que vamos estar sempre mais atentos agora para essa possibilidade, porque durante 10 anos, nunca houve isso", disse.
Enquanto a presidente seguia na última sexta-feira para Adis Abeba, na Etiópia, para participar do aniversário de 50 anos da União Africana, a Caixa Econômica Federal divulgou no mesmo dia uma nota admitindo que alterou o calendário de pagamento do benefício. Os saques foram liberados de uma só vez, o que antes ocorria em vários dias, conforme a data final do benefício.
Sobre a possibilidade de ter havido falha da Caixa, a presidente não negou, afirmando que "somos todos humanos". Porém, ela manteve a linha da declaração do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que levantou a possibilidade de ter havido uma ação orquestrada por terceiros. "O que ela (a Caixa) admite é que está em transição de um sistema e suspendeu, de fato, uma pessoa do pagamento. Isso explica o pagamento dessa pessoa, mas não explica a corrida à Caixa. Não explica o porquê da quantidade de pessoas que procuraram a Caixa no sentido de receber (o benefício)", afirmou, sem mencionar a antecipação da liberação do dinheiro. A oposição avisou que pedirá explicações ao banco.
Telemarketing Para a presidente, uma "falha tópica" não explica a boataria em vários estados. Ela não quis, no entanto, comentar as investigações da Polícia Federal, que ouvirá as primeiras pessoas que receberam as mensagens sobre o fim do Bolsa-Família para descobrir como o boato surgiu e se espalhou. Segundo reportagem da Agência Brasil, a PF já levantou informações sobre pessoas que receberam telefonemas a respeito do Bolsa-Família no fim da semana passada. Uma das linhas de investigação é de que os telefonemas partiram de uma empresa de telemarketing com sede no Rio de Janeiro. A Caixa teria ficado de repassar à polícia dados sobre os dois primeiros saques feitos após o início dos boatos.
Na Etiópia, Dilma Roussef afirmou que a participação do novo ministro do STF no julgamento do mensalão não foi levada em consideração no momento da indicação do advogado Luís Roberto Barroso para a vaga de Carlos Ayres Britto. Ela comentou também a relação com o PMDB. Disse que "há flutuações", mas que os atritos não são significativos "do ponto de vista da qualidade da aliança com o PMDB". "Nós não vemos nenhum problema nas relações com o PMDB. Nenhum", afirmou.
Fonte: Estado de Minas
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