Candidatos em busca do tom
O PT deu a largada ao dizer que “o fim da miséria é só o começo”, mas coube a Campos impor o debate sobre “fazer mais”
Guilherme Mazui
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff quer “fazer cada vez mais e melhor”. Eduardo Campos “mais e bem feito”. Aécio Neves “diferente e melhor”. Marina Silva – ainda focada na criação de um partido – segue a linha de Aécio, mas com o tom verde sustentável.
Cada vez mais distante do PT, o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) lançou a onda do “fazer mais” na corrida presidencial. Sem se declarar candidato, ele evita rupturas bruscas. Promete manter os avanços de Lula e Dilma, mas vai usar soluções em saúde, educação, emprego e infraestrutura de Pernambuco como vitrine de seu perfil de gestor eficiente.
– Pernambuco hoje é modelo para o Brasil – destaca o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos articuladores da campanha.
Marqueteiro de confiança de Campos, o argentino Diego Brandy pode ganhar a companhia de Duda Mendonça, guru da primeira eleição de Lula. Os dois tentarão aproximar o candidato das classes C e D, reduto petista, mesmo desafio vivido por Aécio.
Na quinta-feira, o mineiro participou do Programa do Ratinho, no SBT. Na internet, a página Conversa com os Brasileiros, criada pelo publicitário Renato Pereira, traz vídeos na tentativa de mostrar um Aécio simples, disposto a discutir o preço do tomate com o eleitor. O tucano apresenta o PSDB como pai dos programas de transferência de renda e do Plano Real, além de explorar “bem-sucedidas privatizações” e o temor da volta da inflação, definido no slogan “País rico é país sem inflação”.
Já Marina Silva manterá a toada verde e ética que lhe rendeu 20 milhões de votos em 2010. Contudo, precisa ir além da ecopolítica e do eleitor evangélico. Antes, corre para formalizar seu novo partido, a Rede. Busca 500 mil assinaturas até setembro.
Alvo dos concorrentes, Dilma não mudará a estratégia para dar ao PT o quarto mandato. Vai centrar a campanha em programas como Bolsa Família. Mas o discurso irá além.
O raciocínio está no jargão cunhado pelo marqueteiro João Santana: “o fim da miséria é só o começo”. Responsável pelas campanhas vitoriosas de 2006 e de 2010, ele esboça uma presidente maternal, zelosa pelo Brasil. A Dilma rígida, que protege a economia, é vigilante do orçamento doméstico, beneficiado pelas reduções da conta de luz e dos juros bancários.
Fonte: Zero Hora (RS)
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