Em reunião hoje com a corregedora do Tribunal Superior Eleitoral, a ex-senadora pretende regularizar a criação da Rede
Paulo de Tarso Lyra
A ex-senadora Marina Silva considera a audiência de hoje com a corregedora nacional eleitoral e ministra do Superior Tribunal de Justiça, Laurita Vaz, definitivo para o futuro da Rede. Segundo aliados de Marina, Laurita é a única pessoa capaz de destravar o processo de regularização do novo partido perante a Justiça Eleitoral. “Ela poderá, com um ofício ou um simples telefonema, alterar parâmetros na validação das assinaturas e acelerar nosso processo de aprovação”, disse o deputado Walter Feldman (PSDB-SP).
Os sonháticos, como os aliados de Marina se chamam, não defendem privilégios, apenas algumas revisões de parâmetros, entre elas, uma maior condescendência com as assinaturas de jovens ou idosos. Muitos cartórios eleitorais não reconhecem as rubricas porque, muitas vezes, não há registros de votação dessas pessoas nos cartórios eleitorais — seja porque nunca votaram (caso dos jovens) ou porque não compareceram às zonas eleitorais por estarem em uma faixa etária na qual o voto é facultativo (caso dos mais velhos).
Marina, que mais uma vez deve estar acompanhada dos parlamentares aliados na formação do partido, apresentará ainda documentos para mostrar que a Rede entregou as assinaturas no tempo hábil para regularização. Após o encontro com a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, Marina lembrou que os advogados da Rede já fizeram um primeiro pente fino nas assinaturas, justamente para evitar problemas na validação das fichas de apoio. “Essa conversa com Laurita será importante, inclusive, para que tracemos um planejamento que nos permita recuperar o tempo perdido e os prejuízos que tivemos até o momento no processo de regularização da Rede”, completou Feldman.
Integrantes do núcleo político da Rede admitem que essa demora atrapalha o processo de conversa com prováveis aliados e a formação de possíveis palanques estaduais para as eleições do ano que vem. Diferentemente do PSD de Gilberto Kassab, que correu com a regularização em 2011 a tempo de participar das eleições municipais do ano passado, Marina, na visão de alguns aliados, demorou demais a se mexer. “Eu acho que ela queria outro caminho, começar a ser consultora. Mas os fatos a empurraram de novo para o centro do cenário político”, acrescentou outro sonhático.
A própria marcação da audiência para hoje deixa os sonháticos esperançosos. Laurita havia concordado em reunir-se com Marina, mas só em 26 de agosto. A antecipação do encontro é fruto da conversa que a ex-senadora teve com Cármen Lúcia, na última quarta-feira. Durante a reunião, a presidente do TSE ligou diretamente para Laurita para dizer que a presidenciável pela Rede queria vê-la. “Estou em São Paulo, presidente, mas poderei me encontrar com ela até o fim desta semana”, disse Laurita, segundo relato dos presentes.
Esperança
A presidenciável está confiante na rapidez do processo de regularização do partido. “Acredito nas instituições e estamos trabalhando de acordo com este princípio”, afirmou ao deixar a audiência com Cármen Lúcia.
Simpatizante da Rede mas, até o momento, com pouca disposição para mudar de legenda, o tucano Ricardo Tripoli (SP) não crê em perseguição política do governo pelo fato de Marina ser uma candidata extremamente viável ao Planalto — as últimas pesquisas de intenção de voto a colocam em segundo lugar, atrás apenas da presidente Dilma Rousseff. “Temos quase 30 pedidos de regularização partidária na Justiça Eleitoral”, lembrou ele.
Tripoli disse ter ficado impressionado com a capacidade de mobilização dos sonháticos. Ele, que é um dos fundadores do PSDB, colocou o escritório de advocacia à disposição para o recolhimento das assinaturas. Inclusive, suas filhas impulsionaram o movimento. “Elas me pediram as fichas, levaram para os amigos e voltaram com as assinaturas. Marina está mobilizando o mesmo público que lotou as ruas do Brasil em junho passado”, disse o parlamentar tucano.
“Ela poderá, com um ofício ou um simples telefonema, alterar parâmetros na validação das assinaturas e acelerar nosso processo de aprovação”
Walter Feldman, deputado federal (PSDB-SP)
Fonte: Correio Braziliense
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