Anteontem, ministro contestou afirmação de que mensalão foi o maior escândalo do país
BRASÍLIA - Um dia depois de dizer que o mensalão não foi o maior escândalo da história do país, o ministro Luís Roberto Barroso destacou ontem a importância do caso. Segundo ele, o julgamento do mensalão pelo STF pode ser um marco divisor na história do país. Barroso não era ministro do Supremo no ano passado, quando houve o julgamento do caso, mas agora participa da apreciação dos recursos.
- Embora fosse desnecessário, porque é claramente a minha opinião, eu gostaria de reiterar, para que não haja nenhuma interpretação equivocada, que eu considero o julgamento da ação penal 470 (do mensalão) um marco histórico e eu espero que seja um ponto de partida de uma virada institucional. Portanto, é impossível exagerar o que ela representou como um esforço para a mudança dos costumes políticos do Brasil. E acho que pode-se dividir o país em antes e depois, desde que se dê não apenas o desdobramento punitivo mas também os desdobramentos institucionais que devem decorrer dessa histórica decisão - afirmou o ministro.
Barroso passou a integrar o STF em 26 de junho deste ano. Anteontem, com o começo do julgamento dos recursos, ele teve a oportunidade de falar sobre o mensalão na condição de ministro do STF. Na ocasião, disse que não concordava com todas as teses vencedoras no julgamento, alertou para a existência de penas desequilibradas e considerou as condenações uma catarse harmônica com anseio popular de punição aos corruptos.
Na quarta-feira, ele também havia afirmado que o mensalão ocorrido no governo do PT não é o caso de corrupção mais grave da história recente do país. O escândalo foi, segundo o ministro, o mais investigado de todos. Por outro lado, também disse que o resultado do julgamento determina um novo parâmetro para as atitudes das pessoas não só na política, mas na vida cotidiana.
Ontem, Barroso voltou a reclamar das penas estipuladas no julgamento, quando o tribunal analisava os recursos de Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Marcos Valério, o operador do mensalão. Mas Barroso entendeu que não poderia reabrir o caso e, por isso, negou os recursos de Simone, condenada a 12 anos, sete meses e 20 dias de reclusão.
- Fiquei impressionado com a dureza da pena aplicada a essa embargante, de 12 anos, nove (sic) meses e 20 dias de reclusão. Se tivesse participado do julgamento, eu a incluiria na condição de ré colaboradora. Ela não só não dificultou as investigações, como forneceu listas de nomes e de valores. No entanto, não estou aqui para comentar o videoteipe e acho que essa é uma questão que já foi objeto de decisão. Portanto, eu me sinto impossibilitado de reabrir essa discussão - disse Barroso.
Fonte: O Globo
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