BRASÍLIA – Elogiada pela base governista, a presidente Dilma Rousseff foi criticada por parlamentares da oposição no Congresso Nacional, que classificaram o adiamento da visita aos Estados Unidos como uma atitude de marketing eleitoral. Enquanto o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), viu no gesto de Dilma o desagravo a uma "ofensa à soberania" do Brasil, o líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), apontou uma "tentativa de manipulação" por parte do governo.
"Era a oportunidade de a presidente ter uma agenda afirmativa em defesa dos interesses do país. Ela opta, mais uma vez, por privilegiar o marketing", criticou o senador mineiro e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves. Possível candidato do partido à eleição para a Presidência da República em 2014, Aécio considera que Dilma deveria manter a viagem e aproveitar não apenas para dizer a Obama que a espionagem é "inadmissível", mas também para defender os interesses da economia e de "determinadas empresas". O senador disse acreditar que a decisão pelo adiamento foi tomada "não em reunião com o ministro das Relações Exteriores, mas com aqueles que formulam a estratégia eleitoral da presidente".
Também o líder tucano no Senado entende que a visita oficial deveria ter sido mantida. Para Aloysio Nunes, seria uma oportunidade única para demonstrar o "repúdio" do Brasil à espionagem. O senador criticou o que chamou de "confusão entre diplomacia e marketing político", com o objetivo de "mobilizar os sentimentos de patriotismo" com fins eleitorais. Assim como o colega paulista, Aécio cobrou do governo medidas concretas para reforçar a proteção de dados do país. "É inaceitável que o governo brasileiro não tenha gasto sequer 10% de uma verba orçamentária aprovada com defesa cibernética", argumentou.
"A presidente foi ofendida, a soberania do povo brasileiro foi ofendida, foi um desrespeito", respondeu o líder petista. Para Wellington Dias, o governo demonstrou "uma postura diferente, não só em relação a esse caso, mas às relações futuras do Brasil com o mundo". Segundo o senador, com a decisão de não visitar Obama, Dilma responde "à bisbilhotagem, à espionagem, qualquer que seja o nome dado a isso".
Parlamentares reuniram-se ontem com o embaixador da Rússia em Brasília, Sergey Pogóssovitch Akopov, para falar do interesse de uma delegação da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara de encontrar-se com o ex-consultor da NSA Edward Snowden, asilado na Rússia. Segundo o presidente da comissão, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), o embaixador se comprometeu a explicar a Moscou as intenções dos políticos e prometeu uma resposta "em breve".
Fonte: Estado de Minas
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