O PSB se antecipou ao Planalto e deve anunciar hoje sua saída do governo Dilma Rousseff e a entrega de cargos. A decisão foi tomada por Eduardo Campos
PSB antecipa desembarque do governo
Anúncio da saída da base dilmísta do partido do governador Eduardo Campos deve ser feito hoje
João Domingos
BRASÍLIA - O PSB se antecipou, ao Planalto e deve anunciar hoje a saída do governo da presidente Dilma Rousseff e a entrega dos cargos da sigla. O partido se reúne hoje para tentar convencer a ala dilmista da legenda a acatar, a decisão. Também será decidido que não haverá retaliação ao PT nos Estados governados peia sigla.
Os motivos da decisão foram explicitados ontem pelo presidente do PSB e pré-candidato a presidente nas eleições de 2014, Eduardo Campos. "Os cargos nunca precederam nem orientaram a aliança que fizemos há mais de dez anos com a frente política que está no poder", disse. "Nossa relação com os governos de Lula e de Dilma sempre foi de apoio desinteressado", completou o governador de Pernambuco.
Conforme o Estado noticiou na quinta-feira passada, Dilma tinha decidido demitir os ministros do PSB, levando em conta queixas feitas por partidos aliados do Mordeste de urna posição ambígua de Campos. A despeito de integrar a base aliada com postos importantes como o Ministério da Integração Nacional e a Secretaria Especial de Portos, articulava candidatura presidencial contra a petista. Mas na sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a convenceu a recuar. Lula acha que ainda é possível dobrar Campos e adiar a candidatura dele para 2018.
Entretanto, a direção do PSB sentiu-se constrangida com a situação e ontem, durante almoço Campos, defendeu a entrega dos cargos. "O partido está constrangido com as ameaças que vem sendo feitas por intermédio dos jornais. Nós nunca brigamos por cargos", disse o líder do PSB na Gamara, Beto Albuquerque (RS). Integrantes do partido lembraram que, em janeiro de 2012, o ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), de fato, procurou Dilma e falou da decisão de sair. Mas ela não aceitou. O PSB então divulgou nota dizendo que permanecia no governo, mas não por causa dos cargos.
Apesar da saída, a posição a ser manifestada hoje não significará o anúncio da candidatura de Campos à sucessão presidencial. "A decisão sobre o debate sucessório só ocorrerá em 2014. Essa é uma decisão tomada pelo partido lá atrás e será cumprida", declarou ele. O governador tentou empurrar a devolução dos cargos para. o ano que vem.
Convencimento. Mas durante o almoço de ontem com a cúpula do PSB, Campos foi convencido a convocar a reunião extraordinária da Executiva hoje para o anúncio oficial Nela também haverá lima tentativa de forçar o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), a obedecer à decisão da Executiva. Como ele é favorável a que o partido permaneça no governo, terá de seguir o rumo que for definido.
Sabe-se que Cid, ao tomar conhecimento de que poderia haver o rompimento com o governo e a consequente entrega dos cargos, planejou filiar o ministro José Leônidas Cristino (Portos) no PROS, partido que está sendo criado. Mas agora poderá ficar de mãos amarradas. A não ser que deixe o PSB, o que pode ocorrer. Cid Gomes negocia também a filiação de alguns aliados no Solidariedade, o partido que o deputado Paulinho da Força (PDT-SP) está criando.
A executiva do PSB deverá decidir ainda que o partido não tomará nenhum cargo do PT ou de outros aliados que façam parte de governos socialistas. Campos disse, por exemplo, que não vai. fazer nenhuma mudança em seu secretariado. E comentou que Dilma pode contar com o apoio da sigla no Congresso.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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