Partido reúne hoje 31 congressistas para unificar discurso em defesa de Manoel Dias, alvo de denúncias
Ranier Bragon
BRASÍLIA - Com o ministro do partido sob ameaça de perder o cargo, a cúpula do PDT reúne na manhã de hoje os 31 congressistas da sigla para discutir o impacto da operação da Polícia Federal que aponta suposto desvio de R$ 400 milhões no Ministério do Trabalho.
Com a presença do presidente nacional, Carlos Lupi, e do ministro Manoel Dias (Trabalho), o objetivo da reunião é tentar unificar o discurso do partido para enfrentar a crise interna.
Apesar disso, os senadores Cristovam Buarque (DF) e Pedro Taques (MT) e o deputado federal José Antonio Reguffe (DF) irão pedir que o partido aproveite a situação para entregar os cargos que possui no governo federal.
"Política não pode ser só questão de cargos, mas debates de ideias, de convicções", afirmou Reguffe.
Anfitrião do encontro, o líder da bancada na Câmara, André Figueiredo (CE), afirma que a legenda não vê problema em eventualmente ter que deixar o governo, mas diz que isso não pode ocorrer sob o símbolo da "faxina".
"O PDT entregar cargos não é problema nenhum. O problema maior é evitar que o Manoel Dias, um senhor de 75 anos e que tem vida pública ilibada, seja atingido."
Lupi deixou o Ministério do Trabalho em 2011 sob suspeita de irregularidades.
Na semana passada, a Operação Esopo, da PF, apontou a existência de esquema de desvios de recursos da pasta comandada pelo PDT por meio de entidade de Belo Horizonte que prestava serviços de qualificação profissional.
A operação resultou na queda do secretário-executivo, Paulo Roberto Pinto. Ao se manifestar sobre a operação, Manoel Dias afirmou que "não há nenhuma comprovação de que o trabalhismo exercido no Ministério do Transporte e Emprego tenha praticado atos indecorosos, de corrupção, que contraria a boa prática de zelar pelos recursos públicos".
Pente-fino
Após as suspeitas virem à tona, o governo anunciou a suspensão por 30 dias dos 408 convênios ativos da pasta para análise de uma força-tarefa formada por técnicos do próprio ministério e por integrantes da CGU (Controladoria-Geral da União).
No Planalto, a avaliação é de que as ações tomadas são suficientes até o momento, embora reconheça-se que a situação do ministro é delicada.
Reportagens do jornal "O Estado de S. Paulo" mostraram também que o Tribunal de Contas de Santa Catarina apontou irregularidade em convênio firmado, com o ministério, pela mulher de Manoel Dias, Dalva Maria de Luca, quando ela era secretária de Assistência Social.
Além disso, ex-dirigente do PDT catarinense diz ter recebido pagamento por serviços partidários de entidade contratada pelo ministério. O ministro nega irregularidade nesses casos.
Fonte: Folha de S. Paulo
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