Raphael Di Cunto
BRASÍLIA - O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), disse ontem que a rebelião da base aliada na Câmara dos Deputados, liderada por seu partido, não causa preocupação ao governo. "Passei 24 anos no Parlamento. É natural que surjam blocos para dar suporte aos interesses da própria Câmara dos Deputados", afirmou.
Temer reuniu-se na segunda-feira com os líderes dos partidos aliados para tentar acalmar os ânimos - dia em que a presidente Dilma Rousseff estava em Bruxelas para a cúpula Brasil-União Europeia. O governo prometeu enviar ministros para o Congresso para atender as demandas dos deputados, mas a negociação não deu resultados e o bloco agora tenta aprovar uma investigação sobre suposto pagamento de propina a funcionários da Petrobras.
Deputado federal por 24 anos, o vice-presidente diz que a criação de blocos é natural. "Aconteceu várias vezes quando fui presidente da Câmara dos Deputados e nunca teve consequências maléficas", afirmou. Para ele, o importante é que o grupo não tem intenção de atuar como oposição. "Todos os líderes foram unânimes em afirmar que o movimento não era contra o governo, mas a favor da Câmara dos Deputados", disse.
Ainda à espera de ser chamado pela presidente Dilma para discutir o espaço do PMDB na reforma ministerial, Temer disse que o avanço nas negociações pode atenuar o clima. "O movimento lá não tem muito a ver com a reforma ministerial. Mas [a conclusão da reforma pode] colaborar para amenizar toda e qualquer situação mais dramática", afirmou.
Os deputados do PMDB, que têm estimulado a formação do bloco, estão insatisfeitos com a possibilidade de perderem os ministérios do Turismo e da Agricultura com a saída dos titulares para disputarem a eleição. Dilma já cogitou dar uma das Pastas para atrair o PTB para a aliança, movimento que fez os pemedebistas pararem de frequentar as reuniões da base aliada.
Fonte: Valor Econômico
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