“Quando reina a concórdia, nada existe mais forte, nada mais duradouro do que o regime democrático, em que cada um se sacrifica pelo bem geral e pela liberdade comum. Pois bem: a concórdia é fácil quando os cidadãos colimam um fim único: as dissensões nascem da diferença e da rivalidade de interesses; assim o governo aristocrático nunca terá nada estável, e menos ainda a monarquia, que fez Ênio dizer: “Não há sociedade nem fé para o reinado”. Sendo a lei o laço de toda sociedade civil, e proclamando seu principio a comum igualdade, sobre que base assenta uma associação de cidadãos cujos direitos não são os mesmos para todos? Se não se admiti a igualdade da fortuna, se a igualdade da inteligência é um mito, a igualdade dos direitos parece ao menos obrigatória entre os membros de uma mesma república. Que é, pois, o Estado, senão uma sociedade para o direito?”
Marco Túlio Cícero, estadista, orador e filósofo romano, nasceu a 13 de janeiro do ano 106 a.C. em Arpino, Itália, e morreu em 7 de dezembro de 43 a.C. em Formia, Itália. Da República, Livro Primeiro, XXXII, p. 148. Nova Cultura, 1988.
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