terça-feira, 22 de julho de 2014

Campos mantém promessas controversas

Letícia Casado e Vandson Lima – Valor Econômico

SÃO PAULO - Na busca por um caminho para pautar o debate eleitoral e não ser escanteado pela polarização entre PT e PSDB na disputa presidencial, o grupo responsável pela elaboração das propostas de Eduardo Campos (PSB) - capitaneado pelo ex-deputado Maurício Rands e pela socióloga Neca Setubal, uma das herdeiras do Banco Itaú - pretende lançar, nos primeiros dias de agosto e antes dos adversários, o programa de governo completo do candidato ao Palácio do Planalto.

Estudiosos ligados à Universidade de São Paulo (USP) - Neca não quis dizer quais -, trabalham no texto, que já conta quase 300 páginas e estaria em fase de ajustes finais. Haverá também uma versão on-line do programa e uma espécie de "sumário executivo", com o resumo das propostas.

Para temas mais áridos, serão apresentados estudos em separado, com maior nível de detalhamento. Entre os contemplados, estará, segundo Rands, um documento específico para tratar da reforma tributária, cuja proposta Campos promete enviar ao Congresso já no primeiro ano de mandato, caso eleito em outubro.

Ontem, na inauguração de seu comitê central de campanha, em São Paulo, Campos voltou a dizer que vai implementar, em quatro anos de mandato, a escola em tempo integral e o passe livre para estudantes, caso eleito; defendeu a aplicação de 10% do orçamento da União para a saúde e um plano nacional de carreira para profissionais da área; e defendeu uma política monetária cujo objetivo seja trazer a inflação para o centro da meta de 4,5%, bem como a independência do Banco Central.

"O Orçamento da União tem capacidade para fazer a escola em tempo integral e o passe livre" para estudantes, disse Campos. Ao sanar as contas da União, será possível encontrar recursos para criar o passe livre estudantil e investir no Sistema Único de Saúde, afirmou.

Em seu discurso, Campos voltou a criticar o Mais Médicos, uma das bandeiras da presidente Dilma Rousseff (PT). "Nunca imaginei que era possível fazer uma política pública de saúde criminalizando os médicos ou jogando o povo contra os médicos brasileiros. Vamos fazer uma política pública com os médicos, com todos os profissionais de saúde, formando brasileiros no interior do Brasil para cuidar dos brasileiros; ampliando, nas universidades públicas, a formação, não só na graduação, mas nas especialidades que o Brasil precisa. E em debate com suas entidades, respeitando o que há de organizado, e não impondo à sociedade, como se faz quando os governos não acreditam no diálogo."

Ele evitou dar detalhes sobre as propostas que constarão no seu programa de governo. Questionado sobre como fará a redução no número de ministérios - outra promessa -, Campos se mostrou levemente irritado e disse que as propostas serão reveladas quando o programa for anunciado.

O evento contou com representantes da coligação PSB-Rede-PPS-PHS-PRP-PPL-PSL. Primeiro a discursar, o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D'Avila, atacou a política de saúde de Dilma, em especial o Mais Médicos. Também discursaram Marina Silva, o deputado Walter Feldman (PSB-SP), o vereador Laércio Benko (PHS-SP), o presidente do PPL paulista, Miguel Manso, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), e a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) - a mais aplaudida.

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