- Folha de S. Paulo
Pouca gente notou, mas, durante todo o mês da Copa, não se ouviu falar de furtos, roubos, assaltos, tiros e assassinatos. A rotina de jogos e festas engoliu as notícias sobre violência à qual já estamos todos há muito acostumados.
O que houve? Ou brasileiros e gringos preferiram não dar queixa, ou as polícias engavetaram os números, ou a imprensa estava focada nos gols e nas Fan Fests, ou os ladrões, assaltantes e assassinos brasileiros foram tão patrióticos que selaram um trégua. Ou, quem sabe, eles também entraram de férias para ver os jogos?
Houve um hiato. Antes da Copa, os brasileiros e a imprensa nacional e parte da internacional relatavam casos horrendos, estatísticas cruéis. Cada um de nós tinha listas de casos de violência do dia, da semana, do mês, da amiga, do vizinho, da mãe, do sobrinho --quando não de nós mesmos. Durante a Copa, silêncio geral.
Passado o Mundial e entregue a taça aos alemães, continuou-se não falando, ou falando pouco, em índices de violência nas 12 cidades-sedes durante o evento, como se Rio, Recife, Manaus, São Paulo... fossem ilhas de paz. Não são mesmo.
No próprio balanço do governo Dilma, com mais de 15 ministros, elogiou-se o bem-sucedido esquema de segurança nos estádios e despencou-se uma profusão de números: tantos turistas estrangeiros, tantos torcedores nas arquibancadas, tantos usuários de aeroportos, tantos isso, tantos aquilo. Nada sobre crimes fora das arenas, parte da paisagem no Brasil.
As luzes começam a surgir aos poucos, daqui e dali. Não sei quantos latino-americanos ficaram sem dinheiro e documentos para voltar, mais de 12 mil argentinos foram vítimas de roubo/furto no Rio e, segundo levantamento do site G1, os furtos em trens, metrôs e ônibus aumentaram 379% em São Paulo em relação ao ano passado. Imagine fora deles!
Os gringos se foram, os brasileiros reassumiram o trabalho, o aparato de segurança voltou ao "normal". Que tal estatísticas reais e consolidadas?
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