• Os três principais concorrentes ao Planalto convergem em alguns temas, como a manutenção de programas sociais da gestão petista, a transposição do Rio São Francisco e a postura conservadora sobre o aborto e a liberalização da maconha
João Valadares – Correio Braziliense
Com discursos antagônicos ao longo da campanha eleitoral, os três principais candidatos à Presidência da República convergem, mesmo com visões pontuais diferentes, quando o assunto é manutenção dos principais programas sociais da gestão petista, transposição do Rio São Francisco e temas polêmicos, a exemplo de aborto e drogas. Ao debater o Bolsa Família, que beneficia 13,8 milhões de famílias no Brasil, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB-PE) se apressam em dizer que vão mantê-los e, se possível, ampliá-los. O mesmo ocorre em relação ao Mais Médicos, mesmo que os dois defendam a necessidade de mudança nas regras de contratação e remuneração.
Em entrevistas recentes, o candidato do PSDB tem reforçado sua posição em relação ao Bolsa Família. "Política e administração pública é você copiar as coisas que dão certo e aprimorá-las. Não tenho o menor constrangimento de mantê-los e aprimorá-los", salienta. O tucano diz que pretende promover alterações para tirar o cunho eleitoreiro do plano. "O Bolsa Família, no nosso governo, vai continuar. O que eu quero é tirá-lo do programa eleitoral. Transformá-lo em programa de Estado", afirma.
Campos diz que é possível ampliar o número de beneficiários e diminuir a fila de quem espera para entrar no programa. Constantemente, gasta parte dos discursos no Nordeste para reforçar que não vai acabar com o Bolsa Família se for eleito. O candidato alega que "há uma campanha terrorista espalhando boatos".
Em relação ao Mais Médicos, lançado por Dilma logo após os protestos que sacudiram o Brasil em junho do ano passado, também há a garantia por parte de Aécio e Eduardo de manter a essência do programa. O tucano afirma, no entanto, que não aceitará regras do governo cubano para o pagamento dos profissionais que participam da iniciativa. "Nós vamos manter o Mais Médicos, vamos fazer com que eles se qualifiquem e estabelecer novas regras para os médicos. Não vamos aceitar as regras do governo cubano", declarou na semana passada durante sabatina realizada por Folha, Uol, SBT e Jovem Pan. Campos tem declarado que é preciso investir na capacitação do médico brasileiro. Afirma que vai, se eleito, fazer uma auditoria nos contratos firmados com os estrangeiros, mas descarta acabar com o programa.
Canais
Outro ponto que une Dilma, Aécio e Eduardo Campos é a Transposição do Rio São Francisco, maior obra hídrica em execução no país e deve beneficiar aproximadamente 12 milhões de pessoas quando os 700km de canais estiverem prontos. A dupla oposicionista ataca a lentidão para a conclusão da intervenção. "O Brasil virou um grande canteiro de obras inacabadas por conta da incapacidade do governo de gerenciamento", ressalta o senador mineiro. Em caminhadas pelos principais estados nordestinos, o pessebista tem criticado a condução da obra. Até setembro do ano passado, o responsável por tocar a transposição era o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho, indicado por Campos ao cargo.
De olho nas urnas, os três assumem posturas conservadoras quando o debate gira em torno de descriminalização da maconha e legalização do aborto. Campos, Aécio e Dilma já declararam publicamente ser contra a liberação da maconha. Recentemente, em um programa de televisão, o tucano e o pessebista tiveram opiniões semelhantes. Os dois defenderam que era preciso reforçar a segurança nas fronteiras para impedir a entrada de entorpecentes. Dilma não se posicionou sobre o tema durante sua gestão, no entanto, na campanha presidencial de 2010, alegou que não era possível descriminalizar qualquer droga no Brasil. Em relação ao aborto, os três defendem o que determina a legislação vigente no país. No ano passado, Dilma sancionou a lei que estabelece garantias à mulher vítima de violência sexual, incluindo a oferta da pílula de emergência e de informação sobre seus direitos ao aborto em caso de gravidez.
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Confira o que une Dilma, Aécio e Eduardo
Bolsa Família
Os dois principais adversários da presidente Dilma Rousseff defendem a manutenção do programa. Eduardo Campos alega que é preciso ampliar o número de beneficiários e diminuir a fila de quem ainda espera ser atendido pelo programa. O senador Aécio Neves repete que, numa eventual gestão tucana, o Bolsa Família será transformado num programa de Estado e deixará de ser eleitoreiro. Atualmente, são atendidos 13,8 milhões de famílias. O valor médio do benefício é de R$ 152,75.
Mais Médicos
Lançado pela presidente Dilma Rousseff logo após os protestos de rua de junho do ano passado para tentar suprir a carência de profissionais da área nos municípios do interior e nas periferias do Brasil, o programa será mantido se Eduardo Campos ou Aécio Neves forem eleitos. Os dois, no entanto, defendem mudanças nas regras de contratação e pagamento dos médicos estrangeiros.
Transposição do São Francisco
A maior obra hídrica em execução no Brasil, que prevê a construção de 700km de canais para desviar as águas do rio e beneficiar mais de 12 milhões de pessoas, é defendida pelos três candidatos. Aécio e Eduardo, no entanto, criticam a lentidão na entrega da obra, que teve o orçamento aumentado e só deve ser concluída no fim do próximo ano.
Descriminalização da maconha
Os três candidatos já demonstraram ser contra. Aécio e Eduardo declararam em entrevistas recentes que o Brasil precisa ampliar a segurança nas fronteiras para impedir a entrada de entorpecentes. A presidente Dilma Rousseff não se posicionou sobre o tema durante a sua gestão. Em 2010, declarou que o Brasil não tinha condições de legalizar nenhuma droga.
Aborto
Os três principais candidatos não defendem nenhuma alteração na atual legislação brasileira. Em 2010, pressionada por setores evangélicos, a presidente Dilma chegou a escrever uma carta afirmando ser contra o aborto. A atual legislação estabelece garantias para que a mulher seja prontamente atendida na rede pública de saúde nos casos de violência sexual.
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