• Candidato do PSB propõe elevar investimento na área para 10% do orçamento
Sérgio Roxo – O Globo
SÃO PAULO - O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, disse nesta segunda-feira que a sua proposta de elevação para 10% do orçamento do gasto da União com saúde não vai comprometer as contas públicas. Na avaliação do presidenciável, a destinação de R$ 38,7 bilhões a mais de recursos por ano para o setor também não prejudica a política de combate à inflação.
Campos usou parte do seu discurso na inauguração do comitê central de sua campanha em São Paulo para tentar se defender das críticas de que tem feito promessas que elevam o gasto público sem especificar de onde sairão as recursos. Além do aumento do investimento em saúde, o candidato do PSB também se comprometeu, na semana passada, a apoiar, caso eleito, a implantação do passe livre no transporte público para estudantes. Cálculos da campanha indicam que essa última proposta terá um custo anual de R$ 12 bilhões.
- No Brasil, é interessante. Quando se fala de recursos para as coisas que tocam o dia a dia do povo, não tem dinheiro. Lá no passado (no governo Fernando Henrique Cardoso), quando se precisou sanear o sistema financeiro, apareceram R$ 50 bilhões para o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional). E, agora, para assistir o setor elétrico brasileiro são R$ 50 bilhões. Para dar subsídios em juros para empresas que a gente nem sabe quem são, foram outros R$ 50 bilhões. Agora falou em colocar R$ 38 bilhões na saúde pública, aí não pode, não dá, não tem dinheiro, tem que explicar - declarou ele.
O presidenciável manteve o compromisso de reduzir a inflação para centro da meta de 4,5% ao ano e disse que as suas propostas que preveem a elevação do gasto público devem ser implantadas no prazo de quatro anos de mandato.
- Vamos fazer primeiro, a estabilização (da economia) com o centro da meta da inflação como uma referência.
Durante a inauguração do comitê nesta segunda-feira, Campos se comprometeu com o Movimento Saúde +10, que reúne entidades em favor da aprovação de uma lei para obrigar o governo federal a gastar 10% da receita corrente bruta com o setor. A área contou com uma verba de R$ 99,8 bilhões no ano passado e seriam necessários R$ 38,7 bilhões para que o patamar fosse atingido. A lei em vigor estabelece apenas que o orçamento do governo federal para a saúde deve ser equivalente à quantia empenhada no ano anterior corrigida pelo percentual de crescimento do PIB. Para municípios, o investimento deve ser de 15% da receita e para estados 12%. Campos destacou que o governo federal reduziu nos últimos anos de 80% para 45% a sua participação no financiamento dos gastos do Sistema Único de Saúde (SUS).
O presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto dÁvila, chegou a discursar no evento. Campos também anunciou a proposta de criar a carreira nacional de médicos, com progressão salarial por tempo de serviço e outros benefícios. A iniciativa é uma reivindicação da entidade e vem sendo apontada como um caminho para convencer os profissionais a trabalharem no interior do país e na periferia das grandes cidades.
O presidenciável disse que conseguirá mais recursos para as suas promessas com o corte no número de ministérios e "do desperdício". Também disse ter "capacidade de gestão" para inverter as prioridades do governo. O presidenciável ainda lembrou de uma outra proposta de suas campanha que deve ter impacto nas contas públicas: a implantação do ensino integral.
- Tudo que estamos falando fazemos conta com responsabilidade - afirmou Campos.
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