• Analistas de mercado, segundo pesquisa do BC, veem expansão de 0,86%
Gabriela Valente – O Globo
BRASÍLIA - As medidas de estímulo ao crédito adotadas pelo Banco Central (BC) há duas semanas não foram suficientes para melhorar as previsões de crescimento do país. A projeção do mercado financeiro para este ano, captada na pesquisa semanal Focus, feita pelo BC com os analistas das principais instituições financeiras do país, registrou queda pela décima semana consecutiva, passando de 0,90% para 0,86%.
O pessimismo tem várias razões. Os juros básicos estão altos (11% ao ano) e assim devem continuar por um bom tempo. As contas públicas estão cada vez mais debilitadas, com resultados no vermelho por dois meses seguidos. As vendas no varejo desaceleram. A criação do emprego está menor que o esperado, apesar de o desemprego se manter baixo. E a perspectiva de retração para o setor industrial foi revista para 1,53%, ante 1,15% na semana passada.
- Mesmo se as medidas fossem de magnitude muito maior, demoraria para reverter as projeções. Só que as medidas foram pequenas para mudar todo o cenário - avaliou Alexandre Póvoa, sócio da Canepa Asset Management. - Tudo isso é reflexo de números ruins a curto prazo, e o governo não tem nenhum coelho para tirar da cartola.
Os economistas também estão preocupados com o represamento dos aumentos das tarifas públicas neste ano, o que terá impacto na economia em 2015. A projeção de alta dos preços administrados continua em 5% para 2014. Para o ano que vem, passou de 6,75% para 6,9%.
Já a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo governo na meta de inflação, perde força há três semanas. Na pesquisa do BC, caiu de 6,41% para 6,39% este ano. O teto da meta é 6,5%. Já para 2015, a projeção teve a terceira alta consecutiva, de 6,21% para 6,24%.
As estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) para o Brasil, porém, são bem mais otimistas: expansão de 1,4% este ano, uma das menores taxas na América Latina, segundo relatório divulgado ontem. Na média, as economias latino-americanas e do Caribe crescerão 2,2%.
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