- Folha de S. Paulo
Joaquim Levy resolveu colocar o pé na estrada para negociar seu pacote de medidas que precisa ser aprovado para reduzir as despesas do governo neste ano.
Na noite desta segunda-feira, o ministro da Fazenda vai discutir os apertos propostos para o acesso a benefícios trabalhistas com o comando do PMDB, principal aliado do governo da presidente Dilma Rousseff.
É salutar ver o chefe da equipe econômica com disposição para conversar diretamente, sem intermediários, com lideranças políticas. As medidas precisam passar pelo Congresso. Sem diálogo, as chances do pacote ser destroçado por deputados e senadores são consideráveis.
Mas o movimento reforça um problema identificado nos primeiros dias do ano dentro da cozinha do Palácio do Planalto cuja solução não está no horizonte de curto prazo.
A interlocução dos ministros que operam no entorno da presidente Dilma com as lideranças dos partidos da base no Congresso é sofrível.
A vitória inconteste de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na disputa pela presidência da Câmara, no início do mês, é o exemplo mais claro disso.
De lá para cá, muita saliva foi gasta, reuniões foram realizadas, mas nenhum resultado prático foi obtido para resolver o problema. A taxa de rejeição dos articuladores de Dilma segue em alta, assim como a desaprovação do governo da petista.
O Planalto precisa dessas medidas. Elas respondem por cerca de 27% do ajuste prometido para 2015.
Levy também precisa ver o pacote aprovado. Entregar a economia de gastos anunciada ainda no final do ano passado é fundamental para a manutenção de sua credibilidade como comandante da Fazenda.
Mesmo garantindo esse corte, o caminho até o cumprimento da meta estabelecida para o ano será árduo.
O risco da economia brasileira encolher neste ano não é desprezível. Sem os cortes pensados por Levy na concessão de benefícios trabalhistas, a tesoura vai atingir outras áreas.
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