• Proposta de acordo do empreiteiro já foi rejeitada duas vezes por procuradores
Jailton de Carvalho – O Globo
BRASÍLIA - O advogado Alberto Toron afirma que ainda existe possibilidade de acordo de delação premiada entre o presidente da UTC, Ricardo Pessoa, e a força-tarefa responsável pelas investigações sobre fraudes em contratos entre empreiteiras e a Petrobras. Toron disse que outras duas tentativas de acordo anteriores fracassaram, mas isso não inviabiliza a busca de um entendimento entre as duas partes. Toron está à frente da defesa de Pessoa nos inquéritos relacionados à Operação Lava-Jato.
- Houve uma primeira reunião infrutífera. O Ministério Público considerou insuficiente. Depois houve uma segunda rodada. Também consideraram insuficientes (as promessas do empresário). Mas abriu-se um novo horizonte - diz Toron.
Negociações começaram em janeiro
O advogado não explica o que teria aberto "novo horizonte" nas negociações. Ele argumenta que as tratativas com vistas ao acordo são sigilosas. A primeira rodada de negociação teria acontecido em janeiro, mas os procuradores entenderam que o empresário queria contar apenas o que já foi descoberto na investigação.
Um procurador chegou a dizer que Pessoa não queria acordo e que a proposta teria sido apenas manobra da defesa. Dias depois, as negociações foram reabertas. Mais uma vez, a delação oferecida foi considerada bem abaixo da expectativa. Procuradores esperam que, além da confissão dos crimes cometidos contra a Petrobras, empreiteiros revelem também práticas ilícitas em contratos e obras em outras áreas da administração pública.
Ricardo Pessoa foi preso na sétima fase da Operação Lava-Jato e está preso desde 14 de novembro numa cela da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Ele é apontado como o "presidente do Clube", cartel criado pelas empreiteiras para controlar as licitações de grandes obras da Petrobras. Na condição de chefe do cartel, teria mantido estreitas ligações com executivos das grandes empreiteiras sob investigação.
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