• Damous diz que maioria dos manifestantes é de "sonegadores"
Bruno Góes – O Globo
Em seminário realizado no domingo como contraponto aos protestos contra o governo, petistas e aliados da gestão Dilma Rousseff atacaram a Operação Lava-Jato e o juiz Sérgio Moro, atribuíram as manifestações à "direita golpista" e fizeram apologia à estratégia de guerrilha virtual encabeçada pelos chamados blogueiros progressistas.
Chamado de "Jornada pela Democracia", o encontro foi divulgado pelo governo federal, que usou para isso a página do Facebook da ação #HumanizaRedes, lançada há uma semana por Dilma para desestimular a intolerância no ambiente virtual.
Transmitido ao vivo pela internet, o seminário durou mais de 10 horas. No convite, foi descrito como um evento "pluripartidário organizado para debater a democracia, conjuntura e pensar o futuro". A discussão "reuniu quem prefere conversar a bater panela", segundo a TVT, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), transmissora oficial do evento, assim como a "Revista Fórum", do portal IG.
Numa das mesas, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro Wadih Damous (PT-RJ) disse que a maioria dos manifestantes antigoverno é de "sonegadores".
- É muito preocupante faixas saudando o juiz Sérgio Moro. Nós não podemos deixar o combate à corrupção ser uma bandeira da direita, até porque é mentira. Aliás, estava lá uma grande maioria de sonegadores - disse ele, sob aplausos.
A pedido do ex-presidente Lula, o PT do Rio pressiona o prefeito Eduardo Paes a abrigar um deputado do partido em seu secretariado para abrir caminho para Damous, que é suplente na Câmara. A intenção é que o deputado possa defender o PT dos escândalos de corrupção.
- Está se formando uma República de Curitiba. Esse juiz está agindo em todo o território nacional, se tiver jurisdição para isso. Esses procuradores, a grande maioria não tem nem 30 anos de idade. Agora posam de intocáveis nas primeiras páginas de jornais. E resolveram governar o país. Esse esquema de elementos golpistas, ele é integrado pela mídia, pelo Congresso, mas é integrado também por elementos do Poder Judiciário, comandado pelo ministro Gilmar Mendes - discursou Damous.
Participaram das mesas de debate o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a ex-ministra Ideli Salvatti, o ex-governador Tarso Genro (PT-RS), o ex-ministro Orlando Silva (PCdoB), o ex-presidente nacional do PSB Roberto Amaral, o ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e membros de movimentos sociais.
Perguntada sobre o objetivo da postagem no Facebook, a secretaria de Direitos Humanos informou que "a proposta é divulgar conteúdos que tratem da temática de Direitos Humanos". Um dos painéis do evento tratou de Conjuntura Política e Intolerância nas Redes.
Ideli disse que muitas pessoas que estão nas ruas desconhecem a influência do "capital internacional" nas manifestações, e sugeriu que os jovens podem se arrepender como "aconteceu com aqueles que participaram de manifestações antes de 1964".
- Com relação a este clima conservador, reacionário e de afloramento destas manifestações racistas, machistas, homofóbicas, nazistas, de ditadura, militarismo: Nós fizemos esta semana algo que a gente compôs com muitas forças. E aí, de vez em quando, infelizmente, você tem que fazer composição com o lado de lá. Nós fizemos composição com o Google, Twitter, e Facebook, para o #HumanizaRedes. Por quê? Para a política empresarial deles também não interessa este clima e esta violação de direitos humanos.
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