- Folha de S. Paulo
A guinada no discurso de Aécio Neves, que declarou ontem que "impeachment não é golpe", preparou o terreno para uma radicalização no discurso do PSDB contra Dilma Rousseff.
Depois de um mês em cima do muro, os tucanos tentarão se aproximar dos movimentos que foram às ruas para pedir o afastamento da presidente. A união deve ser selada hoje em ato na Praça dos Três Poderes.
O senador evitava falar ou deixar que falassem no assunto. Há um mês, assegurava que isso "não estava na agenda do PSDB". Ontem mudou de tom, ao dizer que a sigla "está discutindo todas as alternativas".
"O que eu posso dizer é que nós estaremos sintonizados a todo tempo com a sociedade, com esse clamor das ruas", afirmou.
Segundo aliados, Aécio decidiu ir ao ataque por entender que estava frustrando suas bases. Ele foi duramente cobrado nas redes sociais e no partido por não ter ido às novas manifestações no último domingo.
"O movimento em Belo Horizonte foi pequeno, mas ele teve tempo para voar até São Paulo. Foi um erro não aparecer na Paulista", critica um senador pró-impeachment.
No fim de semana, o Datafolha mostrou que 63% dos brasileiros passaram a defender a abertura de um processo contra Dilma. "Se nós não falarmos com esse eleitorado, alguém vai falar em nosso lugar", argumenta o mesmo senador.
Além da ausência de um fato determinado para afastar a presidente, os tucanos do "Fora, Dilma" relatam resistências de governadores da sigla, como Marconi Perillo (GO) e Geraldo Alckmin (SP). Para driblá-los, a tendência é que uma possível ofensiva jurídica seja encabeçada pela bancada do PSDB no Congresso, e não pela cúpula partidária.
Um detalhe complica a mudança de rota dos tucanos. Com a entrada do vice Michel Temer na articulação política, a oportunidade de engajar o PMDB numa luta aberta contra a presidente pode ter passado.
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