• 24 dos 72 prefeitos eleitos pelo partido no estado em 2012 trocaram o partido por outras legendas
Ricardo Galhardo e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Desde meados do ano passado, quando a crise política se aprofundou, até o dia 2 de abril, fim do prazo legal para mudança partidária, 24 prefeitos do estado de São Paulo trocaram o PT por outras legendas. O número corresponde a exatamente um terço (33,3 %) dos 72 prefeitos eleitos pelo partido no estado em 2012.
Além disso o PT perdeu 186 (28%) dos 664 vereadores que elegeu no estado. Vários deles eram vistos como possíveis candidatos do partido na disputa por prefeituras importantes. O caso mais vistoso é o de Carapicuíba, cidade com mais de 270 mil eleitores, governada pelo PT há oito anos, onde o presidente da Câmara e pré-candidato a prefeito, Abraão Junior, trocou o partido pelo PSDB para disputar a eleição de outubro.
A maioria dos prefeitos que deixou o PT governa pequenas ou médias cidades. A principal baixa foi o prefeito de Osasco, Jorge Lapas, que trocou a sigla pelo PDT. Osasco é o quinto maior colégio eleitoral de São Paulo com 548 mil eleitores.
O motivo alegado, na maioria dos casos, é o forte sentimento antipetista manifestado por setores do eleitorado desde o aprofundamento das crises política e econômica que tem como protagonista o governo Dilma Rousseff e as revelações feitas pela Operação Lava Jato.
Na carta em que justificou sua desfiliação, Lapas citou o “momento delicado pelo qual o PT está pasando no cenário nacional” como uma das razões que o levaram a sair do PT. Outro motivo alegado por Lapas é a “desunião e fragilidade resultantes da disputa interna” no partido.
Se citar nomes, Lapas dizia respeito ao ex-deputado João Paulo Cunha, que até o início de março cumpria pena em prisão domiciliar, em Brasília, por envolvimento no mensalão.
Lapas reclamou a adversários que João Paulo estaria jogando o PT local contra a prefeitura por não ter espaço para indicação de cargos na administração municipal. No final do ano, ainda antes de Cunha ter tido a pena extinta pelo Supremo Tribunal Federal, aliados do ex-deputado iniciaram um movimento por prévias para a escolha do candidato petista.
A vereadora Professora Mazé (PT) usou a cota de correspondência a qual tem direito para distribuir um jornal com críticas à gestão Lapas. “Aquilo foi um grito de socorro. Era a necessidade de discutir uma administração com viés petista”, disse a vereadora.
Para alguns petistas, Lapas usou a disputa interna com Cunha como desculpa para deixar o partido. “O prefeito sempre teve respaldo do Emídio (de Souza, presidente estadual e ex-prefeito de Osasco). Para o pertido foi uma traição. Ele nunca foi muito orgânico no PT. Certamente foi picado pela mosca azul”, disse Aparecido Luiz da Silva, o Cidão, secretário estadual de Comunicação do PT paulista.
Segundo pesquisas internas, a associação do PT ao nome dos pré-candidatos a prefeito tem o efeito de uma âncora no eleitorado. Até prefeitos cujas administrações têm boa avaliação são puxados para baixo nas intenções de votos quando associados ao PT. O efeito é maior nas cidades grandes e médias.
O caso mais emblemático foi o do presidente da Câmara Municipal de Carapicuíba (SP), Abraão Júnior, que deixou o PT na sexta-feira (1º) para se filiar ao PSDB. "Não acho isso incoerente. As pessoas de bem do PT estão saindo. Não existe só malandro no partido", diz Pedro Tobias, presidente do PSDB de São Paulo.
Para o deputado Paulo Teixeira (SP), que é membro da direção nacional do PT, os prefeitos petistas que deixaram a sigla foram influenciados pelo momento atual.
"Muitos prefeitos superestimaram a crise e não esperaram sua superação. Fizeram uma leitura precipitada".
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