• Declaração reforça estratégia de mirar no vice; Bicudo e Reale Jr. participam contra Dilma na USP
Sergio Roxo, Luiza Souto - O Globo
- SÃO PAULO, BRASÍLIA e SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP) O ex-presidente Lula afirmou ontem, em ato contra o impeachment com 5 mil pessoas organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo ( SP), que, se o vice- presidente Michel Temer quer ser presidente, “deve disputar no voto”. O líder petista ainda cobrou a mobilização nas ruas para o dia em que for posto em votação o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
— Não tenho nada contra o Michel Temer. A única coisa que poderia falar é: companheiro Temer, se você quer ser presidente da Republica, dispute a eleição, meu filho. Vai para a rua pedir voto. Esse negócio de pensar em encontrar um caminho para chegar lá não dá certo — disse Lula.
Ataques do PT a Temer
Enquanto o ex-presidente discursava em São Bernardo, os juristas Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo, autores do pedido de impeachment, participavam de um ato contra Dilma com 3 mil pessoas na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, em São Paulo.
Lula vem fazendo críticas a Temer desde a semana passada. Com o incentivo dele, o PT intensificou a estratégia de desgastar a imagem do vice- presidente e de explorar sua ligação política com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB- RJ). Ontem, o senador Lindbergh Farias (PT- RJ) acusou Temer de conduzir com Cunha as articulações pela cassação de Dilma.
— A chapa do golpe é Temer- Cunha. Porque Eduardo Cunha vira o segundo na linha de comando. São os dois capitães do golpe — disse Lindbergh, lembrando que, pela linha sucessória, caso Temer assuma o governo Cunha será o vice-presidente da República.
Falando aos metalúrgicos, Lula disse que os movimentos sociais que lutam contra o impeachment precisam estar preparados para fazer uma grande mobilização no dia da votação do afastamento da presidente, na Câmara.
— No dia que for colocado em votação o impeachment, nós temos que estar na rua. Estão querendo preparar uma mutreta para nós, estão querendo avisar apenas os coxinhas — disse Lula, acrescentando: — Temos de avisar nosso povo para dizer que não vamos permitir que nossa Constituição seja rasgada, e que a democracia seja arranhada.
Lula disse que viajará para Brasília e mandou um recado à presidente:
— Dilminha, segura a barra porque não vai ter golpe neste país.
Ao subir ao parlatório da Faculdade de Direito da USP, aos gritos de “Fora, Dilma”, Bicudo disse que é “preciso dar um basta à Dilma e a todo esse descalabro”:
— Nunca vi tanta pouca vergonha a tomar conta desse país. Fora os ladrões deste governo.
Mais cauteloso, Reale Jr. disse não estar certo do impeachment de Dilma.
— Vai depender de alguns deputados que devem decidir entre o bolso e a honra — afirmou o jurista.
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