“Vivemos, hoje, numa democracia consolidada. Comemoramos, recentemente, 28 anos da Constituição de 5 de outubro de 1988. Dois presidentes da República foram afastados via impeachment, garantia da própria Carta e dos valores democráticos estabelecidos nela. Há uma pluralidade de partidos políticos, uma rede de meios de comunicação fortes, jornais, revistas, emissoras de rádio e TV, redes sociais, uma diversidade de religiões. Uma poderosa rede de ensino público e privado. Um mundo cultural – cinema, teatro, música, livraria, museus – altamente diversificado. Além do mais, vivemos no mundo globalizado, cheio de enormes desafios e novas possibilidades e, sobretudo, maiores responsabilidades. Entramos, assim, definitivamente, no “Ocidente” com uma “sociedade civil” de estrutura muito complexa.
O significado destas modificações e suas implicações pode servir para avaliar se ainda é valida a opinião dominante, condicionada pela mentalidade e por uma visão dicotômica. Mentalidade que pensa em enquadrar a realidade brasileira na oposição conceitual entre pares. Estou convencido de que devemos buscar uma noção de política fundamentada não no antagonismo dicotômico sem solução, mas no princípio da “interdependência”, talvez com a capacidade única de garantir um novo ordenamento baseado na cooperação e na reciprocidade.”
------------------------
Gilvan Cavalcanti de Melo é membro do diretório nacional do PPS e editor do blog Democracia Política e novo Reformismo. ‘Díade: encrenca conceitual’, Gramsci e o Brasil, 31/10/2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário