- Valor Econômico
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comparou o governo do presidente Michel Temer a uma “pinguela” (ponte frágil, improvisada) e afirmou que se esforça para contribuir de alguma forma para que Temer consiga ir até o fim do mandato, em 2018. FHC deu a declaração durante o programa ‘Diálogos’, do jornalista Mario Sergio Conti, na GloboNews, na noite desta quinta-feira.
A comparação feita por FHC veio no contexto da pergunta feita por Conti sobre se o ex-presidente aceitaria se apresentar ao Congresso como candidato a presidente, no caso de Temer cair a partir de 1º de janeiro de 2017. Nessa hipótese, a lei prevê que o Congresso escolha o novo presidente.
“O governo atual é uma pinguela, nesse caso você está considerando que a pinguela caiu, mas eu prefiro acreditar que isso não vá acontecer. Faço todo esforço para que não haja a queda do Temer”, disse FHC em resposta a Conti. E complementou: “Mas se a pinguela cair, o Congresso terá de convocar eleições diretas. Porque é difícil governar nessa situação de escolha indireta pelo Congresso, sem o respaldo popular”, afirmou.
FHC quis deixar claro que o presidente Temer não foi escolhido indiretamente: “O presidente Temer tem legitimidade, porque foi eleito, vice-presidente, mas foi eleito. Muita gente pode não ter consciência disso, mas é legal. Pode-se discutir o impeachment e tal, mas Temer é legítimo ali na Presidência”, disse.
O ex-presidente afirmou que o Brasil está passando por um “arranhão institucional”, com “o Legislativo indo para um lado e Judiciário indo para outro”.
FHC criticou ainda a postura da força-tarefa da Lava-Jato, que na quarta-feira ameaçou pedir demissão se Temer não vetar a versão desfigurada pelo Congresso das ‘Dez Medidas Contra a Corrupção’. “Assim não pode, dizer que não brinca mais está errado. Isso é gravíssimo, mostra a crise institucional entre os Poderes”, afirmou ele.
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