Thais Bilenky – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Em meio a questionamentos crescentes sobre a viabilidade de seu governo, o presidente Michel Temer disse que "movimentos de rua não atrapalham", mas reconheceu que os embates entre Congresso e a força-tarefa da Operação Lava Jato e a opinião pública, embora "normais", criam "instabilidade".
Em palestra para investidores em São Paulo, nesta quinta-feira (1º), ele procurou minimizar o impacto dos conflitos entre Poderes, mas afirmou que o Executivo e o Legislativo devem levar em conta a opinião pública. O Judiciário, não: "Para julgar, você tem que implementar a lei, única e exclusivamente", afirmou.
A Lava Jato ameaçou renunciar após a aprovação na Câmara da previsão de punição de investigadores como parte do pacote de medidas anticorrupção originalmente proposto pelo Ministério Público Federal. Movimentos de rua marcaram protestos para este domingo (4).
"Os senhores vejam que questões relativas à chamada anistia [ao caixa dois, projeto abortado pelo Congresso], em dado momento, e agora a questão da responsabilidade de juízes e promotores etc. têm criado um natural embate entre alguns setores governamentais e, ademais disso, na própria opinião pública", reconheceu.
"Esses fatos todos e outros que vão ocorrendo criaram uma certa instabilidade", completou. "O investidor, é claro, com muita razão, põe um pé atrás."
Quanto às manifestações, o presidente disse não tolerar apenas depredações.
"As pessoas é que querem tentar mostrar que o governo está preocupado com isso [movimentos de rua]. O governo não está preocupado com isso, não", afirmou. "O governo vê isso como a fase da chamada democracia da eficiência."
Segundo Temer, "os rótulos ideológicos caíram por terra. Hoje ninguém quer saber de esquerda ou de direita. Perdeu a graça. As pessoas querem é resultado".
Ele voltou a dizer que "é preciso pacificar o país". "Não podemos viver permanentemente em atrito entre várias correntes."
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