- Folha de S. Paulo
Dilma Rousseff começou a corrigir o rumo de seu navio avariado logo após ter sido reeleita por um triz.
No papel a estratégia fazia sentido. Convoquem-se técnicos com credibilidade no mercado, aplique-se uma terapia de choque nos dois primeiros anos do mandato e depois colham-se os frutos eleitorais de um novo ciclo de melhora do bem-estar.
O petismo contava com a vantagem de possuir um candidato competitivo, o ex-presidente Lula, para pleitear a extensão da sua estadia no poder para duas décadas.
O chão, porém, logo começou a tremer sob os pés da segunda Rousseff. Derrubou-a um misto de incompetência política e incapacidade de entender para onde o vento soprava, em meio à impopularidade crescente, a mobilizações maciças da oposição e ao avanço da Lava Jato na direção da presidente e do seu padrinho.
No final de 2016, o PT parecia dizimado. Perdera o poder federal e fora destroçado nas eleições municipais. Sobressaía a inteligência adaptativa do PMDB, que se livrou do parceiro declinante, organizou uma nova maioria de centro-direita e adotou, com a paixão dos convertidos, uma agenda ambiciosa de reformas liberais.
Prolongavam-se, entretanto, a recessão e as investigações anticorrupção. As cabeças da nova coalizão, inclusive a do presidente, foram atingidas por escândalos. No segundo trimestre de 2017, Michel Temer parecia à beira da degola. Lula voltara a fortalecer-se e despontava como favorito nas pesquisas para 2018.
A roda girou novamente. O delator que encurralou Temer, Joesley Batista, foi desmoralizado e preso. Palocci endossou a acusação da Procuradoria contra Lula. A economia entrou em recuperação, com a perspectiva de que inflação e juros continuem baixos por longo período. A centro-direita voltou a dar as cartas de 2018.
Quem, no entanto, se arrisca a declarar encerradas as reviravoltas dessa história?
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