Com o corte de um ponto percentual decidido pelo Banco Central, a taxa básica de juros chegou a 8,25% ao ano, o menor patamar desde 2013. É um resultado alentador, possibilitado pela rápida e surpreendente queda da inflação.
Menor pressão nos preços e a recuperação ainda lenta da economia devem permitir novas reduções. Projeções já apontam uma taxa na casa dos 7% nos próximos meses.
Abriu-se uma oportunidade para acelerar, sem riscos inflacionários, o crescimento do PIB. Não por acaso, o Banco Central salientou que a conjuntura recomenda uma política monetária mais estimulante por algum tempo.
É seguro dizer que a economia reagirá com mais vigor ao afrouxamento do torniquete financeiro que ainda aflige famílias e empresas.
Verifica-se, por exemplo, que as concessões de financiamentos para pessoas físicas estão em ascensão, alavancando o consumo. Nesse contexto, são mais otimistas as previsões para o PIB neste ano e em 2018 —já não se descarta alta de 1% e 2,5%, respectivamente.
Seria lamentável, portanto, desperdiçar essa nova chance de consolidar um patamar civilizado de juros de forma duradoura.
O ambiente certamente é mais favorável que o de 2012, quando a Selic baixou a 7,25% de forma breve e atabalhoada, por pressão da presidente Dilma Rousseff (PT). Naquele momento, o governo gastava de maneira excessiva e expandia o crédito com imprudência, pressionando a inflação.
Bem diverso é o cenário atual, a começar pela dinâmica das despesas da União, agora limitadas pelo teto orçamentário aprovado pelo Congresso Nacional.
As novas regras para liberação de empréstimos do BNDES também contribuem para juros menores, ao fechar a porta dos subsídios bilionários a um número reduzido de empresas e reforçar a credibilidade das contas públicas.
Não se ignoram, porém, os muitos obstáculos pelo caminho. Sem a reforma da Previdência, o teto de gastos não será sustentável e permanecerá a escalada explosiva da dívida pública. Essa incerteza constitui a maior ameaça ao controle da inflação e aos juros baixos.
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