Guilherme Cals Theophilo de Oliveira se define como de centro e promete apoio a Alckmin para o Planalto
João Pedro Pitombo | Folha de S. Paulo
SALVADOR - Numa ofensiva para tentar retomar o governo do Ceará e formar um palanque forte para a candidatura presidencial de Geraldo Alckmin, o PSDB apostará suas fichas num dos principais quadros do Exército brasileiro.
Na reserva desde março deste ano, o general de Exército Guilherme Cals Theophilo de Oliveira, 63, filiou-se ao PSDB e deve ser o candidato do partido ao governo do Ceará.
Nascido no Rio e criado em Fortaleza, Theophilo vem uma família de militares cearenses. Caso seja realmente candidato, deverá ser o primeiro general quatro estrelas (maior patente militar em tempos de paz) a disputar uma eleição majoritária no Brasil desde o fim da ditadura militar.
Com discurso moderado, Theophilo se define como de centro. E tem dito que apoiará Alckmin para o Planalto.
Nacionalmente, a filiação do general ao PSDB pode servir como contraponto ao avanço do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que tem ganhado adeptos no meio militar. Localmente, a candidatura dará protagonismo ao tema da segurança, principal problema enfrentado pelo governador Camilo Santana (PT), candidato a reeleição com apoio de Cid e Ciro Gomes (PDT).
O Ceará enfrenta uma escalada dos índices de violência. Foram 5.134 mortes violentas no estado em 2017 —crescimento de 50% em relação a 2016.
Como trunfo, os tucanos apostam na experiência do general no combate à violência: ele fez parte do planejamento da intervenção federal na segurança pública do Rio.
Nos últimos anos, exerceu a chefia do Comando Militar da Amazônia e o comando da 12ª Região Militar, em Manaus.
A experiência na Amazônia o aproximou da PSDB —o prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto o convidou disputar uma vaga na Câmara dos Deputados no Amazonas. Mas o general optou pela carreira política em seu estado natal.
A pré-candidatura de Theophilo surge em meio a vazio nas oposições do Ceará. Com a aproximação do senador Eunício Oliveira (MDB) com o governador Camilo Santana, os oposicionistas perderam o seu principal nome para disputar o governo estadual.
O senador Tasso Jereissati (PSDB) vinha sendo pressionado a disputar o governo, mas defendia um nome novo. Também apontado como candidato, o deputado estadual Capitão Wagner (Pros) optou por pleitear a Câmara dos Deputados.
Mesmo diante desse vazio, a candidatura de Theophilo deve enfrentar resistência entre partidos aliados por ser desconhecido do eleitorado cearense. Já os opositores questionam a candidatura de um militar que passou a maior parte da carreira fora do Ceará.
Vice-líder do PT na Assembleia Legislativa, o deputado Elmano de Freitas diz que a candidatura do general escandara a crise nas oposições diante do favoritismo do atual governador. "É um nome que o povo do Ceará não conhece, não sabe sua história, e que não tem nenhum trabalho desenvolvido na sociedade cearense", diz o deputado.
Além de Theophilo, outros dois generais anunciam candidatura a governos estaduais. O general Paulo Chagas (PRP), no Distrito Federal, e o general Girão Monteiro (PSL), no Rio Grande do Norte. Outros cerca de 50 militares deverão disputar mandatos para Senado, Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário