Por Marcelo Ribeiro e Andrea Jubé | Valor Econômico
BRASÍLIA - A construção de uma candidatura única do chamado "centro" político, em articulação nos bastidores, passa pelo prefeito de Salvador e presidente do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto. Por enquanto interlocutores de ACM Neto descartam qualquer decisão antes de julho, quando começam as convenções partidárias. Em uma composição com o PSDB, o DEM pretende deixar o MDB em segundo plano.
Um dos cenários esboçados nos bastidores contempla um candidato do PSDB encabeçando a chapa - que pode ou não ser o presidente da sigla, Geraldo Alckmin, a depender do seu desempenho nas pesquisas até junho - e o ex-ministro da Educação Mendonça Filho, do DEM, como postulante à vice-presidência. Ao MDB, que também protagoniza as conversas, estariam reservados ministérios de peso no próximo governo, caso essa chapa saísse consagrada das urnas.
Para um interlocutor de ACM Neto, a eventual chapa PSDB-DEM, com o MDB robustecendo a coligação, é ainda uma possibilidade remota. Em primeiro lugar, ACM Neto tem reafirmado, publicamente, que o partido não renunciará à candidatura presidencial de Rodrigo Maia antes de junho. Na hipótese da renúncia de Maia à postulação presidencial, a prioridade do DEM é reelegê-lo deputado federal para, em 2019, reconduzi-lo à presidência da Câmara por um novo biênio. Este interlocutor de Neto observa que seria improvável o DEM ficar com as duas primeiras vagas na hierarquia do poder: de vice-presidente e presidente da Casa.
Pelo menos no que depender do DEM, a possível substituição do ex-governador de São Paulo por João Doria, que hoje é pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes, não deve vingar.
A rejeição é tanta que o DEM ainda não fechou aliança com a pré-candidatura de Doria ao governo de São Paulo. "O DEM pode ir com Doria ou com Márcio França [pré-candidato do PSB ao governo paulista]. O que se poderia imaginar com uma aliança natural entre DEM e PSDB em São Paulo ainda não aconteceu e pode ser que não aconteça. Doria perdeu muito capital político nos últimos movimentos que ele fez", disse a liderança do DEM.
A participação do presidente Michel Temer foi condicionada à uma atuação nos bastidores, por causa da resistência em relação ao seu nome. O emedebista está ciente, inclusive, de que o escolhido não fará uma defesa de sua imagem ou de seu legado. De acordo com a liderança do DEM, alguns pontos específicos da gestão, como a agenda reformista, serão defendidos.
"Defender o presidente em si é impossível. Quem partir para fazer isso, será derrotado. Por isso, ele precisa entender o limite do que pode demandar nessa articulação. Não dá para ele querer um candidato que faça uma defesa rasgada. Se ele quiser que façam defesa pessoal, ele pode esquecer, porque ninguém vai fazer. O tempo de TV do MDB não compensa isso", afirmou o membro da cúpula do DEM.
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