Presidente atuou pessoalmente para prestigiar o ministro da Economia, Paulo Guedes, e afastar os rumores de que o auxiliar estaria fragilizado
Por Lucinda Pinto, Cristiano Zaia e Rafael Walendorff | Valor Econômico
BRASÍLIA E SÃO PAULO - Chegou ao fim, no mercado financeiro, o apoio incondicional ao governo Bolsonaro que prevaleceu desde a sua posse. Ontem, mesmo em meio à tentativa do presidente de prestigiar publicamente o ministro da Economia, Paulo Guedes, participantes do mercado reagiram com cautela. A demissão dos dois ministros mais populares - Sérgio Moro (Justiça) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) -, paralelamente à fritura de Guedes, que foi excluído de decisões sobre o lançamento do Plano Pró-Brasil para reanimar a economia, abalou a confiança.
Para agentes de mercado, o principal cenário deve ser parecido ao do governo Temer, após o vazamento de conversa do presidente com um empresário, em maio de 2017. Depois disso, o então presidente não conseguiu a provar mais nada de relevante no Congresso. Este é o temor em relação à gestão atual.
Bolsonaro fez publicamente um afago em Guedes. “O homem que decide economia no Brasil é um só, chama-se Paulo Guedes. Ele nos dá o norte, nos dá recomendações e o que realmente devemos seguir”, disse após reunir-se com o ministro e outros auxiliares.
O Ibovespa, principal índice da bolsa, reagiu bem, fechando o dia com alta de 3,86%, mas, na sexta-feira, quando Sergio Moro foi demitido e saiu fazendo acusações contra Bolsonaro, recuara 5,45%. A taxa de câmbio, outro indicador que mede o humor de investidores na política econômica, voltou a subir - o dólar foi a R$ 5,72, mas, no fim do dia, recuou para R$ 5,65, após intervenções do Banco Central.
Bolsonaro permitiu a Guedes unificar a área econômica numa só pasta, mas dois ministros de outras áreas - Rogério Marinho e Braga Netto - foram os protagonistas do plano de obras Pró-Brasil, comparado de forma pejorativa por Guedes ao PAC da ex-presidente Dilma.
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