Para
Bolsonaro, vidas pouco importam
O
ex-ministro Sergio Moro perguntou se tem presidente em Brasília. O ministro da
Justiça respondeu que tem, que não tinha era ministro da Justiça antes de ele
assumir o cargo.
O
problema não é se tem ou não presidente em Brasília – formalmente tem. O
problema é a natureza do presidente que há em Brasília, e ali permanecerá por
mais dois anos.
O
presidente que existe disse há três dias que não dava bola para o fato de
outros países terem começado a vacinar em massa contra o coronavírus, e o
Brasil ainda estar distante disso.
Há
dois dias, disse que espera que a vacinação, por aqui, comece rápida. Ontem,
tentou culpar os laboratórios pela falta de vacinas e isentou-se de qualquer
culpa:
–
Eu não errei nenhuma medida. Erro zero.
Nem de ter tratado a pandemia como uma gripezinha? Nem de ter demitido dois ministros da Saúde em meio à pandemia, desprezando a maioria dos seus conselhos?
Nem
de ter posto no Ministério da Saúde um general que nada entende de Saúde? Nem
de ter dito à exaustão que morreriam os que tivessem de morrer por que ele não
era coveiro?
Não,
Bolsonaro acha que de fato não errou em nada, a ponto de continuar defendendo a
cloroquina como um remédio que imuniza as pessoas contra o vírus. Ou que as
cura.
De
março último para cá, o Brasil perdeu mais de 191 mil vidas e ficaram doentes
mais de 7,5 milhões de pessoas. Com as frouxas medidas de isolamento, o vírus
matará mais a partir de janeiro.
Bolsonaro
cobrou os fabricantes de vacinas por ainda não terem feito pedido de uso
emergencial ou de registro na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Argumentou
que o Brasil é um “mercado consumidor enorme” e que a responsabilidade de
disponibilizar a vacina é do “vendedor”, e não dele, presidente da República:
— O Brasil tem 210 milhões de habitantes. Um mercado consumidor, de qualquer coisa, enorme. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para a gente?
Nenhum comentário:
Postar um comentário