Folha de S. Paulo
Presidente aposta alto no aumento da
rejeição ao petista, mas governo também é vidraça em debate na Globo
Jair
Bolsonaro (PL) chegou ao debate da TV Globo determinado a provocar, em
três dias, algo que sua campanha não conseguiu em três meses de disputa:
turbinar a rejeição a Lula (PT).
O presidente ativou o modo "gabinete
do ódio" ainda no primeiro bloco. Bolsonaro abriu sua
participação com a já tradicional dobradinha com o candidato Padre
Kelmon (PTB) ao enaltecer o Auxílio Brasil, mas a discussão sobre
realizações do governo durou pouco.
Em boa parte de suas perguntas e respostas,
Bolsonaro fez esforços para vincular o adversário a conhecidos itens da agenda
antipetista, como escândalos de corrupção, a liberação das drogas e o assassinato
de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André (SP). Chamou ainda o petista de
mentiroso e ex-presidiário.
Concentrado num único debate, esse
repertório representou uma intensificação da artilharia de Bolsonaro contra
Lula. O conteúdo, no entanto, foi semelhante aos ataques que sua campanha já
vinha fazendo ao petista, colhendo efeitos limitados.
Desde o fim de junho, a rejeição ao ex-presidente passou de 35% para 39% –ainda insuficiente para rivalizar com os 52% do próprio Bolsonaro.
O presidente também encontrou as defesas de
Lula mais organizadas do que no debate Folha/UOL/Band/TV Cultura, no fim de agosto.
Naquela ocasião, o petista hesitou nas explicações sobre acusações de corrupção
contra o PT. Agora, encaixou uma resposta que relacionava o clã Bolsonaro a
rachadinhas e mencionou suspeitas sobre a negociação de vacinas.
Bolsonaro ainda colheu alguns efeitos
colaterais negativos ao apostar pesado nessa investida contra Lula. Com a série
de ataques, o presidente deixou a guarda aberta para o próprio petista e os
demais adversários.
Embora o foco de Bolsonaro fosse um embate
direto com Lula, o desempenho de seu governo se tornou uma vidraça
frequentemente atingida. Simone Tebet (MDB) foi quem aproveitou melhor a
oportunidade de fazer críticas à atual gestão, como no momento em que deixou o
presidente na defensiva ao abordar a questão ambiental.
Nem mesmo Luiz
Felipe d’Avila (Novo), cujo partido costuma se alinhar a Bolsonaro, deixou
o presidente confortável. Numa interpelação relativamente delicada, ele
criticou as generosas emendas distribuídas pelo governo em troca de apoio
político no Congresso.
Sobrou a Bolsonaro o amparo do fiel Padre
Kelmon –uma parceria que foi repetidamente denunciada por Soraya Thronicke
(União Brasil) e por Lula.
O petista teve seu pior momento ao bater
boca com Kelmon, num episódio que tende a se tornar um incômodo para a campanha
petista. Bolsonaristas começaram a usar nas redes trechos da discussão em que
Lula afirma que o adversário se apresenta "fantasiado de padre".
Aliados de Bolsonaro trabalham para
emplacar o discurso de que o petista desrespeita religiões. Esse é um caminho
que vem sendo explorado pelo presidente nos últimos meses –num período em que
abriu vantagem sobre Lula no eleitorado evangélico.
No momento em que o petista briga com casas
decimais para tentar ganhar a eleição no primeiro turno, dar esse tipo de
munição ao adversário pode ser perigoso.
Na segunda metade do encontro, Bolsonaro
virou parcialmente a chave, levando de volta ao debate dados positivos dos
últimos meses na economia, como a redução dos preços dos combustíveis e a queda
dos índices de inflação.
O presidente seguiu o entendimento de parte
de sua equipe de campanha, que acredita ser necessário reforçar dados concretos
com o objetivo de reduzir a avaliação negativa do governo. Ele o fez
aproveitando para apontar riscos para a economia com "a volta da
esquerda".
No fim das contas, o ritmo do debate reproduziu a dinâmica geral da disputa, concentrada nas figuras de Lula e Bolsonaro –um sinal do que devem ser as 48 horas finais do primeiro turno ou as quatro semanas seguintes, até um eventual segundo turno.
6 comentários:
Eu sou de esquerda,mas minha campanha é pela pacificação do País,fiquem todos na paz.
Bolsonaro conseguiu turbinar a eleição do Lula!
Kelmon, miliciano fantasiado de padre. Operador religioso do genocida!
Queiroz, miliciano sem fantasia. Operador financeiro da familícia!
Guedes, financista liberal FAKE do genocida.
Roberto Campos Neto, presidente FAKE só Bacen - em tese tem autonomia; na prática o bozo manda, confirmado pela inflação mais alta do q a média dos demais países.
Claro! Um crápula como bozo causa repulsa. Eu não quero me relacionar com este pilantra rachador; nem o quero em minha casa. Resultado: LULA LÁ!
Leve ele pra sua casa, GADO.
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