sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Rafael Cortez* - Debate mantém janela aberta para vitória em primeiro turno

O Estado de S. Paulo

Debate na Globo pouco contribuiu para o presidente reverter a imagem negativa que a maioria do eleitorado faz do seu governo

A campanha presidencial começou com o debate sobre as possíveis chances de crescimento da terceira via e se encerra com incerteza sobre seu final: se primeiro ou segundo turno. O agregador de pesquisas do Estadão mostra 52% de votos válidos para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que diante da margem de erro das pesquisas, fundamentalmente, expressa um cenário em aberto. Grosso modo e, assumindo alguma simplificação, o debate da Globo só terá importância se contribuir para gerar esse movimento relevante às vésperas da eleição.

O petista tem basicamente duas tarefas para conseguir a vitória de oposição em primeiro turno: convencer indecisos e cansados da polarização e, especialmente, convencer ao comparecimento eleitoral. O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, tem duas opções: convencer o eleitorado do seu desempenho no governo ou aumentar a rejeição do petista, contribuindo para evitar voto útil em direção a ele. Os demais nomes lutam para justificar a relevância dos projetos em uma eleição que deve figurar na História como a votação recorde de polarização.

O debate foi um fiel retrato da campanha presidencial: Lula e Bolsonaro dominaram o início do debate. A sequência de direitos de respostas pareceu ilustrar o duelo de rejeições, dada à antecipação efetiva do segundo turno. As alianças tácitas estiveram presentes, com alguma inflexão ideológica. Ciro, por exemplo, seguiu na estratégia da ligação umbilical entre Lula e Bolsonaro, com foco na polarização com petista. As pesquisas, por sua vez, mostram que é o petista a segunda opção da maioria dos seus apoiadores. Há risco de perder a terceira colocação para a Simone. Por outro lado, Simone teve trocas suaves com o petista. Bolsonaro terceirizou as suas críticas ao Lula por meio dos demais candidatos, polarizando a escolha estratégica na relação entre os protagonistas e os nomes da terceira via. Esses candidatos, porém, pareceram não ouvir os apelos dos seus apoiadores.

O debate pouco contribuiu para o presidente reverter a imagem negativa que a maioria do eleitorado faz do seu governo. Assim, o destino da eleição deve passar fundamentalmente pela taxa de comparecimento eleitoral. O último confronto entre os candidatos manteve a janela aberta para encerramento da disputa já em primeiro turno.

*É sócio da Tendências Consultoria e doutor em ciência política

Um comentário:

Anônimo disse...

"Bolsonaro terceirizou as suas críticas ao Lula por meio dos demais candidatos"

Verdade. Bozo é covarde e terceiriza, abandonando os feridos. Eram 6 contra LULA, que ainda assim saiu vitorioso no debate.

Ah, reverter a imagem negativa do homem dos 100 imóveis, inúmeras rachadinhas, fome, miséria, barras de ouro, pneus, falta de vacinas e oxigênio, cooptação de instituições de Estado etc, etc, etc, é impossível.
Conclusão do autor: pra LULA LIQUIDAR NO PRIMEIRO TURNO, SÓ FALTA O COMPARECIMENTO ELEITORAL.
COMPAREÇAMOS, POIS.
LULA LÁ!